O sabor amargo de si.


A saudades de um tempo que não volta e o desespero de não poder prevalecer a vontade de mudar o passado, transforma muita gente em amargurado ou invejoso de uma juventude encerrada e trancafiada num baú encima de um armário, pavorosamente, alto.

Outros, não são tão estreitos emocionalmente e conseguem largar o que já não volta. Acrescentam o passado ao altar sagrado às suas almas, respeitam a alegria e cada lágrima que os transformaram em seres únicos e singulares. Esses são sábios, sensíveis, irreverentes e alegres, podem ser, inteligentemente irônicos, maravilhosamente ácidos, mas jamais amargurados e nunca invejosos, não enxergam motivos para invejar.

Voltando aos primeiros, - os tristes e macambúzios - aos inconformados com a rolança do Tempo, como dizia Mário Lago. Eles antecipam o estágio purgatorial em seu viver e no viver alheio.
Travestem - se de críticos sem espírito, de agressivos covardes, irônicos emburrecidos e um monte de energia é desperdiçada, dispersa e inutilizada. Sofrem e suam em vão. Morrerão no Nada resmungável do fraco, imbuídos de cobiça e arrogando - se juízes dos desejos alheios, julgadores implacáveis do pensamento livre, mas, especialmente maldizendo e abominando o sexo dos outros. São regradores dos atos sexuais "indecentes" segundo suas máximas detestáveis, enfim, reivindicam o mórbido posto de fiscal de genitais e penetrações alheias.

Triste gente que viveu sem ter vivido. Morrem sem viver. Apodrecem em vida. Dejetos orgânicos a serem esquecidos imediatamente após o féretro.

Gonzaguinha mostrou o caminho: viver e não ter a vergonha de ser feliz. 
O que acrescentar a esse verso? 
... Cantar e cantar e cantar na beleza de ser um ETERNO aprendiz. 



Homem saboreando a parte mais amarga de si 
de Susano Correia