Viver não é preciso.


NAVEGAR É PRECISO

quadro de Osório Gimenez

Navegue, mesmo abarrotado de dores.
Dor passa, a vida passa. 

Viver não é preciso. 
Viver é estrada de concreto. É ter juízo.
É odiar e viver incompleto.
Rolar no chão com cólicas, lancinantes, sem amor, sem amantes. Sozinho, sem carinho, num tapete atrás da porta. 
Sentir o gelo da faca que corta e o sangue que escorre da esperança, que é a primeira que morre.
O Viver se apodera, escraviza, diminui a gente. Hipnotiza e arrasta para pedregulhos pontiagudos. 
Tormentoso flagelo.  

Navegar é macio, gotas de rocio. Estrada de espumas flutuantes, errantes, misteriosas, gostosas.
Eu tento navegar. Mas, não se deve tentar. Basta se soltar, sorrir, insistir. Sentir o ar que outro respira e respirar no mesmo compasso, tranquilo, sem embaraço.


 
Não tenha opiniões arraigadas. Enraizadas. Saia do banal.
Não se leve tão a sério..
 Ao final.... estaremos todos junto no cemitério.  

Barco quebrado não navega.



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