QUERO ME APAIXONAR.


Querendo me apaixonar

Antes da pandemia, quase me apaixonei, mas o cara não entendeu direito, então resolvi ir de encontro à ele e tentar deixar mais claro.

Fui ao local onde ele estava. Não deu para ter um momento a sós. Muita gente, muita coisa acontecendo... 

Mas, fiz de tudo: coloquei uma roupa matadora, sapatos sensuais, pouca maquiagem, lábios molhados ... 
Olhei em seus olhos. 
Fixei. 
Usei aquele charme do olhar que só mulher sabe usar, o olhar que se entrega toda. Não apenas um olhar 43, mas,no mínimo, um olhar 43³³. 

Caprichei. 

Puxei pela memória dos meus filmes, respirei, usei minha voz rouca, fiz de tudo. 
Fui discreta, mas, certamente, óbvia demais. 

Ele, quase três horas depois de muita música, gente divertida para todo lado, garçons, seguranças, finalmente, "me enxergou" e pela surpresa estampada em seu rosto, entendeu meus sinais. 
Ficou tímido! 



Que é isso!? Pensei in a machista way. Ele é pegador! E, desde quando, Pegador fica tímido!? 



Ih, pensei, não faço o tipo dele. Ok. Sem problemas.

Meu demoniozinho interior sussurrou minha idade em meus ouvidos. 
É! É isso. 
Concluí, aceitando o Tempo como um amigo e, tranquila, fui me despedir do meu quase amado.



Curiosamente, ele estava sem jeito, mãos suadas e trêmulas, palavras atropeladas. 

Abraçou - me com uma força sensual que me arrepiou. Beijou meu rosto como se beijasse minha boca. 
Pediu meu telefone, eu dei. 

Apertou minha mão de novo, olhou, intencionalmente, em meus olhos, apertou minha cintura, colou -me outro beijo no limiar de meus lábios e só não caí em seus braços porque um monte de gente estava naquele cubículo barulhento, olhando e aguardando...

ENTÃO......
ELE NÃO TELEFONOU!!!!!!!
Uma semana e nada!
(Coisa típica de homem)

Quer saber?

Que se exploda!! Não tenho mais tempo para essas dúvidas ou inseguranças ou, sei lá o que.

Aí, se passaram duas semanas. 
Ele ligou. 
Ardente, ele, mas eu já estava morna. Bateu um cansaço, preguiça, sei lá... 
Quanto mais ele se explicava, mais me desanimava. 
Fez um elogios meio bobos.
O que teria acontecido se ele me ligasse no dia seguinte? Certamente, não sentiria esse cansaço. 

- Ligo amanhã pra gente marcar. - Eu disse sem nenhum remorso por estar mentindo.

Enfim, ele se apagou nos meandros esquisitos de meus desejos. Sumiu. Evaporou sem ter fervido.




Agora, estou, novamente, com vontade de me apaixonar. Olho no olho, ligar de madrugada, segurar na mão...
Aqueles amores e namoros que não existem mais...

ACHO QUE VOU DORMIR
não sou dessa geração.
Queria namorar como se namorava nos anos 70.
Já namorei demais nas décadas seguintes até hoje. 



Donos do poder da AREIA NO VENTO.

O solitário navegante anda por mares sombrios e neblinas espessas.
Na curta visão embaçada pela névoa, ele crê enxergar pessoas e as classifica, conforme a mente nublada pelo costume de navegar sem o sol. 

Há luzes e luzes no além trevas, mas esse navegante, oriundo de terras baixas e desabitadas, prefere o mar brumoso e a ele está tão habituado que sequer percebe as velas rasgadas, mofadas do gurupés.
O girar de sua cabeça é contínuo, desconexo. 
Por vezes, contempla por anos a fio uma imagem e a ela se apega, fanático, louco. 
Parasitário. 
Então guerreia, mata e morre em nome de uma efígie. Não é seu viver nem seu viço, nem seu verdadeiro ideal mas, como sanguessuga de si e de outros, ali se alimenta, de seu sangue e de muitos outros sangues, levando de roldão culpados e 
inocentes incautos.  
Como não tem movimento nos olhos, só suspeita e julga na escuridão aquilo que é seu reflexo. 
Odeia nos outros o que esconde em si, no cantão mais profundo de seu subconsciente. 
Persegue, 
pune, 
escraviza e, 
destrói tudo que a ele se assemelha.   

Triste desflorescimento. 
Vicejando ao contrário. 
O lapidificado navegante persiste em sua cruzada desprovida de saberes  e provimentos. 
É nave ínfima a procura de sua suposta superioridade.
Razão pálida o guia por um gigantesco mar de cores, mas ele só enxerga o que lhe é conhecido na alma. O breu.
O binóculo invertido mostra a distância de sua importância e grandiosidade.

Em geral, esse tolo navegante da nau parasitária, conluia - se aos senhores de ternos, de casacos de pele ou de trastes bem pensados. Apega - se facilmente à ideólogos e mitos, 
Submete - se aos que se proclamam Donos de Toda Providência.
Aos heréticos. 
Donos do poder da areia no vento.  



Afinal, o que move a vida é a morte.



Não há suavidade na vida.
Há maquiagem.

Onde reside a felicidade de algo finito? 
A finitude pode ser bela no espinho, mas não em uma rosa.

Somos seres em constante deterioração. Nunca fomos permanentes. Seres alteráveis.
Altera - se o corpo. Altera - se a mente.
E, povoamos um mundo efêmero. Lutamos para preservar a fugacidade da vida de nossos filhos.

E nova geração surgirá. Louca, esquisita, contestadora, esfuziante, bela, dona do mundo, da verdade e da razão. 
E essa geração também irá se perder no vácuo do tempo.

Loucamente, corremos atrás da felicidade. Não existe. É efêmera. Deixa saudades e amargará a velhice, caso a benção do esquecimento não transformar cada história num vexame nublado de demência.

Presta - se homenagens aos mortos, mas eles não sabem. E, se a religião estiver certa e eles souberem das homenagens, que importa se já morreram? Não viverão para colher os louros das glórias nem corrigir os erros do que já passou. 

Afinal, o que move a vida é a morte infinita.



Divagações - bipolarices


"BIPOLARIEDADES"


 Ando com preguiça de escrever ou com vergonha. 

Não tenho nada a dizer, a não ser aquilo que penso saber.

E, eu não sei mais nada. Antes, eu achava que sabia, mas veio a idade e eu já duvido de minha "sapiência".

Por isso, tenho vergonha.

Mas, sei lá o que me acontece, eu estou sentindo um ímpeto de arrebentar com minha costa, ferrar minha bunda nessa cadeira de madeira e detonar minha vista em frente a esse computador velho, ao qual me apeguei.

Então... Vou escrever. Espera aí. Não tenho nada em mente sobre o assunto que desejo escrever. 

Ando tão absorta. Olho a morte me acenando, de longe. Por enquanto, ainda longe. Mas, ela sorri, a safada. A morte sorri pra todo o mundo. 

O Lítio esta fazendo efeito reverso em meu cérebro. Piorou minha melancolia, repovoou meus pesadelos e estimulou a agressividade perdida, há muito tempo. 

Isso não é bom, falei para a psiquiatra.

Vai melhorar, disse ela e discorreu sobre o difícil processo que algumas pessoas sofrem até se adaptarem ao Lítio. Eu não ouvi metade do que ela falou, estava dispersa, no mundo da mesma Lua que vivi em minha infância. Só que aquela Lua infantil era muito alegre. A minha lua atual é quarto muito minguante.


"Bipolarice"

Hoje, todo mundo é bipolar. Virou moda ser destemperado.  Alguns são mal educados e altamente agressivos, mesmo. 

Vou continuar com esse Lítio por mais alguns dias. 

Quando (de novo e de novo) me recuperar e se eu estiver nesse estado que não é bom... bem ... eu vou parar com Lítio, com psiquiatra e vou pra praia, mas não em final de semana, Final de semana a praia fica cheia de gente bipolar e é disgusting. Vou numa segunda. Levo meu cão, o Dr Sheldon Cooper, e vou passear na areia com ele, a tardezinha, mas sem celular nem dinheiro, talvez uma faca pra me defender. O cachorro é vira lata, então fico tranquila, ninguém vai rouba - lo. No meu quarto não haverá televisão. Em meu celular, deletarei todas redes sociais e whatsapp, mas ele permanecerá, regiamente, desligado, somente para emergência, no caso, pra polícia ou resgate. Sei lá, tanta loucura nas idas e vindas do litoral. Não pensarei em necro política, destruição do meio ambiente, maus tratos aos animais, machismo, racismo nem homofobia.    

Por que será que tanta gente é bipolar?


Auto-retrato, c. 1845

[O desesperado]

Gustave Courbet (França, 1819-1877)


RETÓRICA DO MAL


A retórica do mal é simples, eivada de argumentação duvidosa, com aparência de bondade, irrigada de indignação falaciosa e muito carregada em emoção.

Todos os "príncipes" de Machiavelli se apresentavam dessa forma, mesmo antes de Maquiavel existir, todos carregaram multidões, foram exímios artistas na persuasão, todos sopraram falsas esperanças e todos esses "príncipes" foram poderosos, amealharam fortunas e pasmem!.....
TODO MUNDO ACREDITOU NELES!

A História, com H maiúsculo, não serve de aprendizado à humanidade. 
Se Nero voltasse amanhã, iria colocar fogo em Roma e seria aplaudido.
Se Hitler.... óbvio demais para ser citado. Nem sei se ele, realmente, está morto, apesar de crer nas suas cinzas enfrente ao seu bunker em Berlim. Contudo, Adolph nunca esteve mais vivo. Seus métodos de persuasão e sua incrível, "humana", "sentimentalóide" e suspirada oratória é fartamente utilizada em todos os meios sociais, incluindo meio religioso e polí... não serei óbvia de novo.


Eu não nasci nesse mundo, quero concluir, mas percebo, que fui apenas uma ingênua que acreditava na trilogia: paz, amor e honestidade. 
Uso uma lupa e muito boa vontade para encontrar essa trilogia no Brasil atual.

PAUSA!

Não falo apenas do ambiente podre político e com todos os partidos e todos os políticos inclusos.
Me incluam fora dessa orgia demente, sem gozo e com prazer estranho e doente.
Falo do simples dia a dia. Falo do óbvio. Falo dos humanos.
Qualquer instituição pública ou privada, esta aí para corromper, ser corrompida e "levar  cigarros Vila Rica", ou seja, levar vantagem. Infelizmente, as instituições são compostas de homens e mulheres, de indivíduos que poderiam fazer a diferença na luta cotidiana.


A erva daninha nasce pequena, as atitudes cínicas também.
Se você não verificar o canhoto do cartão, o valor digitado pode ser mais alto.
Se comprar em liquidação, o produto, possivelmente, sera de péssima qualidade ou preço adulterado
Se comprar carro, terá problemas.
Se comprar celular, ai ai ai.
Se procurar assistência técnica de qualquer produto... 
Se entrar na justiça, tome dor de cabeça e reze.
Se esbarrar em alguém....
Etc
Um infinito de coisinhas tão infinitesimais como os micróbios, mas, que também matam.

É um calvário que enodoa a vida. Que estressa. Que encurta o prazer, encurta a vida. Que empobrece o caráter dos mais fracos, empobrece as emoções. Que desperdiça tempo, desperdiça alegria. 
Que leva à morte. 

É apenas o espelho daqueles que foram escolhidos na direção do país ou os dirigentes do país são nossos espelhos?
Os grandes assassinos de povo ou de ideais são apenas os medíocres maldosos do cotidiano elevados a cargos importantes.






Prefiro os cachorros! Prefiro os seres que não são os humanos.