MARIA MESTIÇA
Esta é a minha
bisavó, Maria Pimenta, sobrenome dos senhores da fazenda.
Assim que casou,
passou a usar o sobrenome Hipólito Guimarães.
Maria foi mãe de
vários filhos, entre eles, outra Maria, mãe de meu pai.
Maria Mestiça é um monólogo
poético-dramático baseado na história real da bisavó da autora, Nicole Puzzi.
Maria, uma mulher afrodescendente nascida em
cativeiro na Fazenda da família Pimenta, em Minas Gerais. Filha e neta de um
senhor branco, Maria cresceu marcada pelas violências do sistema escravocrata,
até o momento em que, já adolescente, encontra coragem para fugir da fazenda ao
lado de um jovem capataz mestiço, futuro marido e companheiro de vida.
A autora, mulher branca e bisneta de Maria,
utiliza o teatro como espaço de memória, escuta e reparação simbólica. Ao
revisitar essa história familiar, revela uma verdade comum a milhões de
brasileiros: a formação identitária marcada por uma miscigenação forçada,
muitas vezes ocultada ou negada. O espetáculo convida o público, especialmente
o branco, a reconhecer sua ancestralidade afrodescendente, a respeitar a
memória dos escravizados e a romper com os silenciamentos históricos.
Encenada por uma atriz em solo, com ambientação
minimalista e recursos visuais e sonoros, a peça conecta o passado ao presente
com sensibilidade, beleza e profundidade emocional. A linguagem acessível
favorece o diálogo com públicos diversos, promovendo empatia e pertencimento.
Este é o neto de Maria, quando menino
e, já adulto, no dia do casamento com minha mãe, mulher branca descendente de italianos.
Esta sou eu. Uma
mulher idosa de 67 anos, que tem orgulho de ter uma bisavó tão especial.
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