"BIPOLARIEDADES"
Ando com preguiça de escrever ou com vergonha.
Não tenho nada a dizer, a não ser aquilo que penso saber.
E, eu não sei mais nada. Antes, eu achava que sabia, mas veio a idade e eu já duvido de minha "sapiência".
Por isso, tenho vergonha.
Mas, sei lá o que me acontece, eu estou sentindo um ímpeto de arrebentar com minha costa, ferrar minha bunda nessa cadeira de madeira e detonar minha vista em frente a esse computador velho, ao qual me apeguei.
Então... Vou escrever. Espera aí. Não tenho nada em mente sobre o assunto que desejo escrever.
Ando tão absorta. Olho a morte me acenando, de longe. Por enquanto, ainda longe. Mas, ela sorri, a safada. A morte sorri pra todo o mundo.
O Lítio esta fazendo efeito reverso em meu cérebro. Piorou minha melancolia, repovoou meus pesadelos e estimulou a agressividade perdida, há muito tempo.
Isso não é bom, falei para a psiquiatra.
Vai melhorar, disse ela e discorreu sobre o difícil processo que algumas pessoas sofrem até se adaptarem ao Lítio. Eu não ouvi metade do que ela falou, estava dispersa, no mundo da mesma Lua que vivi em minha infância. Só que aquela Lua infantil era muito alegre. A minha lua atual é quarto muito minguante.
"Bipolarice"
Hoje, todo mundo é bipolar. Virou moda ser destemperado. Alguns são mal educados e altamente agressivos, mesmo.
Vou continuar com esse Lítio por mais alguns dias.
Quando (de novo e de novo) me recuperar e se eu estiver nesse estado que não é bom... bem ... eu vou parar com Lítio, com psiquiatra e vou pra praia, mas não em final de semana, Final de semana a praia fica cheia de gente bipolar e é disgusting. Vou numa segunda. Levo meu cão, o Dr Sheldon Cooper, e vou passear na areia com ele, a tardezinha, mas sem celular nem dinheiro, talvez uma faca pra me defender. O cachorro é vira lata, então fico tranquila, ninguém vai rouba - lo. No meu quarto não haverá televisão. Em meu celular, deletarei todas redes sociais e whatsapp, mas ele permanecerá, regiamente, desligado, somente para emergência, no caso, pra polícia ou resgate. Sei lá, tanta loucura nas idas e vindas do litoral. Não pensarei em necro política, destruição do meio ambiente, maus tratos aos animais, machismo, racismo nem homofobia.
Por que será que tanta gente é bipolar?
Auto-retrato, c. 1845
[O desesperado]
Gustave Courbet (França, 1819-1877)