Deitada nos campos de morango.

SOMENTE PARA QUEM VIAJOU NOS ANOS 70.

Nothing is real 


Deitei. Fechei os olhos. 
Uma voz suave, mas cortante me chamou.
Abri os olhos.
Um rapaz loiro, com um raio vermelho desenhado no rosto e que eu não via desde 1972, estava em cima de mim. Ele disse:
- There's a starman waiting in the sky.
- Não vamos deixa - lo esperando. Respondi.
Coloquei um vestido curto de piquê com desenho de uma margarida, lenço amarelo na cabeça, tranças no cabelo, óculos grande no rosto e minha bota branca. 
- Ready to go. 
The Starman sorriu, navegamos nas estrelas e ele revelou - me um segredo.
- Let your children lose it.
O raio vermelho de seu olho brilhou e psicodelicamente se transformou no meu mais amado modo de transporte da juventude, the yelow submarine.
- Vamos viajar? Perguntei.
- A Magical Mistery Tour.
Embarcamos no Yellowsub, como eu e minha amiga adolescente o chamávamos.
- Quero ver George. - Pedi.
- First, the King must bless us.
Uma alegria imensa penetrou meu coração quando the yellow submarine navegou nas águas do Tennessee e aportou em Memphis, no jardim da terra cheia de Graça.
E lá estava ele. 
The king. 
Nenhuma palavra foi dita. Fizemos reverência e ele tocou minha alma pedindo para ama - lo com ternura.
Respondi em pensamento - I bless the day I found You.
Fiquei ali uma eternidade.
Mas, the magical mistery tour devia continuar. 
Olhei para o Rei e implorei. - So never leave me lonely. Ele sorriu e me fez lembrar das noites que passamos juntos em meu quarto de adolescente quando ele vinha, pelo rádio, me saudar nas madrugadas solitárias do início de minha vida.
Prosseguimos. 
The bluebird veio nos levar, em suas asas, até os portões de Strawberry fields. 
Um jovem cabeludo, com óculos redondos, usando um chapéu preto passou sorrindo. Meu coração ficou apertado, ia me desequilibrando ao recordar de New York, foi aí que ouvi sua voz cantando. 
All we need is love. 

A sensação de paz e amor voltaram ao meu espírito. 
Descansei nos campos de morangos.
Fechei os olhos e entrei num cinema. Na tela passava algum filme antigo, preto e branco, não sei qual era, mas era muito romântico. Olhei ao meu lado e lá estava o meu mais querido de todos. 
Eu disse - I wanna hold your hand.
Durante séculos, ficamos, lado a lado, tocando cítara e recitando mantras, enquanto a sua guitarra chorava suavemente .
It's wonderful to be here, it's certainly a thrill.
Mas, ouvi sua voz dizendo - Sunrise doesn't last all morning - lágrimas vieram aos meus olhos e seu sorriso me contou - A cloudburst doesn't last all day 
Era chegada a hora de voltar.

Voltei. 

Passei pelo diário desbotado dos meus catorze anos e preenchi mais uma página.





quem não tem olhos, mata. Lucem Ferre


Qual a razão para se dizer feliz?
Em que tipo de mundo vivemos para a consciência dormir tranquila?
Somos parte de uma tribo esquizofrênica. Muitos se arrogam primogênitos de Deus, com sentimentos superiores ao do próprio Pai, donos da razão, do poder e da possessão da foice que ceifa vidas. Dividem territórios, dissipam famílias, corrompem crianças, jogam pais de família pela janela alta do desespero. Como dormir com choros de crianças nos frágeis barcos naufragando nas noites escuras dos mares continentais? Quantos braços enlaçarão a dor das mulheres despetaladas? E, minha cama confortável e indiferente aguarda meu descanso. Deito e demoro a dormir, ando em círculos mentais até de madrugada e a fome cresce, o arrasamento de florestas, a extinção das espécies... Tudo crescendo.
Eu levanto e tomo meu café quente com dores inexplicáveis de vergonha.
Dos píncaros de Nova York até o ínfimo buraco de uma favela, sempre tem a figura sinistra de um destruidor de sorriso; uma sombra nefasta da morte.
Quem tem olhos, vê. Quem não tem olhos, mata.
Não tentem me acordar para a Fé. Ela esta guardada em um cofre de tesouros ou quinquilharias dentro de mim, em algum lugar. Não se turbe vosso coração com a minha pouca fé. Não se incomodem com minhas dúvidas. Pratique, por um pouco, não ser tão importante quanto o primogênito divino, já que você não é e nem eu sou.
Almoço, aflita, com dor num músculo cheio de sangue que, outrora, significava residência do amor, mas, neste momento do tempo, vive apertado, lacerado diante de uma guerra inútil e incoerente entre residentes de um pontinho desprezível no Universo. ESTAMOS EM GUERRA. SEMPRE ESTIVEMOS.
Será que, simplesmente, não era para sermos mais felizes? E se, inexoravelmente, a humanidade continua sua caminhada em direção à morte, não seria melhor amar? Conseguiríamos? Não. Nunca.
Não é provável que sejamos à imagem e semelhança do Criador. De fato, não é possível que sejamos. 
Podemos ser Seus netos, filhos de Seu filho, aquele que Isaías chamava de "estrela da manhã" ou Lucem Ferre ou Heilel ben-shachar. 
Ah, filhos dele, podemos ser. 
É bem provável que sejamos. 
Lucem Ferre, ele sim, deve ser o pai verdadeiro da maioria dos humanos. 
        




À MULHER AMARGURADA.


MULHER AMARGURADA.


Essa é uma categoria bem povoada de mulheres. 
O termo é muito usado, por homens e mulheres, como ofensa cruel, quase brutal contra o sexo feminino.
 A Mulher Amargurada pode ter sido espezinhada pelo pai que nunca compreendeu o universo mágico do Yin e Yang, além de sua super valorizada masculinidade ou por falta de cultura ou falta de amor, mesmo. 

Possivelmente, a Amargurada é filha, neta e  bisneta de mulheres sofridas, incompreendidas e abafadas.
 Silenciosamente, aflitas. 

Obviamente, a Amargurada não teve uma vida fácil, pode ter sido abusada e até mesmo estuprada por amigos da família, parentes ou chefes. Medo de revelar, vergonha e vontade de esquecer geram a escuridão angustiada. 

O abismo das dores escondidas, afiadas, não cicatrizadas.

Castrada em suas ânsias infantis, podada em sua euforia de adolescente e subjugada na juventude. O "não pode" "é feio" "ridícula" "puta" "burra" perturba seus ouvidos como zumbido ininterrupto.
Por certo, a Amargurada não recebeu muito apoio de outras mulheres. 
Não foi compreendida. Ninguém nunca se colocou em seu lugar. Ignoraram suas dores e não aceitaram sua alegria. 

Andou em noites mentais povoadas de pesadelo, de sentimento frustrante ao ver a imagem de mulheres, supostamente mais bem sucedidas, bonitas e felizes. 
Sente um ímpeto em impedir nas outras, aquilo que devoraram nela, no seu passado, no seu futuro e no seu agora. 

Foram tantas dores, tanto absinto que foi obrigada a engolir, que ela nem percebeu a casca, agoniada, encapsulando - a.

Em sua maioria, a Amargurada é descuidada do corpo e critica o corpo alheio. Despreza outras mulheres, levando adiante o desprezo que a perseguiu no passado. 
Uma fuga de si mesma.

Por outro lado, a rosa murcha nega a própria sensibilidade, represa o amor, destrói relacionamentos e costuma se achar uma tola, um ser estranho, um incômodo, um nada. 

Mas...
De repente, do fundo de sua alma, ela ressurge. Ela, sempre, pode ressurgir.

É incrível e prazeroso presenciar o despertar dessas mulheres para sua beleza, exterior e interior, observar quando acendem a pira de seu amor próprio e o clarão iluminado, tal qual um raio, vem revelar sua importância íntima, sua importância no Universo. 
Nesse instante, ela entra em mutação e se transforma numa vencedora, bela, serena e decidida a não se ferir mais, a não ferir, a não permitir que a firam como no passado. Compreende as outras fêmeas, aceita suas alegrias e se torna competente em identificar e compreender a vida de outras iguais. 
Não fica inerte. Age!

Mulher de aço e ouro, forjada no fogo e auto superada no seu amor feminino, na gentileza da Leoa com filhotes e no voo da águia. 
Será vencedora em sua profissão, na parceria do casamento e na sabedoria nos dias de sua velhice.

Nem o homem nem a mulher serão seus inimigos se você, mulher, se tornar amiga intima de você mesma, ter amor pela sua imagem física, moral e espiritual e, ser empática com as suas iguais.


  Serenidade. Decisão. Beleza. 
Amor próprio
FÊMEA E FORTE.

Um livro que desestimula o suicídio e exalta a Vida.


Publiquei mais um romance espiritualista, “Parados na Porta do Céu”, agora com meu nome na capa. 
O meu primeiro romance, nesta categoria, publiquei com pseudônimo, foi muito bem vendido e, inclusive com críticas positivas no meio espiritualista, mas esse livro atual, com meu nome na capa, já recebeu críticas sem, ao menos, as pessoas terem lido. Por que será? Por que os tolos acham que você não pode ser multitarefa?

Nós não somos como as batatas, que nasceram batatas, cresceram batatas e são vendidas na feira como batatas e, todo mundo sabe que é batata. 

Mas, isso é o que muitos querem, que a gente seja um tubérculo.
E sabe qual a razão? Eles são Batatas.
  
Continuando:

Eu escrevo Contos de Terror, crônicas, recordações, livro sobre a cinema e há algum tempo, escrevo livros espiritualistas. 

Se meus escritos são perfeitos ou coerentes, dentro da norma padrão da língua portuguesa, eu não sei dizer. Costumo usar uma linguagem própria, e peço que me perdoem os pecadilhos linguísticos. 
Ademais, creio que o livro corresponde aos ensinamentos da Doutrina Kardecista. Fui espírita durante 40 anos. Não tenho mais nenhuma religião.


Por que alguém perde tempo criticando um livro que ainda nem leu? Por que relacionar meu trabalho de atriz com meus livros? Não sei e não me importo. Continuo escrevendo o que quero, quer seja bom ou ruim.

Eu não sou espírita, nem evangélica, nem católica, mas posso, quem sabe, escrever um romance evangélico ou católico, por que não? E, sou aquela que decide se eu posso ou não escrever.

Explicando um pouco, para parecer mais culta e fazer boa presença, mesmo sabendo que sou inculta.
Eu me defino, quase como uma niilista passiva. 
Admiro Nietsche e, ao mesmo tempo, Jung. Aprendi com o pai da psicologia analítica, o valor dos rituais sagrados na estruturação das culturas humanas, então tento absorver o que mais me agrada ou aquilo que, simplesmente, me deixa feliz. 

Nesta miscelânea de filosofia e estudos, um bocado paradoxal, eu consigo transitar livremente. Sabe por que? Porque sempre vai haver alguma razão, alguma lógica em pensamentos humanos divergentes. Só sinto pena de gente perniciosa querendo projetar seus defeitos nos outros.

Ninguém possui a chave certa da porta certa. 
A vida finita é curtíssima para que possamos entender, aprender e apreender tudo.
A brevidade de uma vida anula a possibilidade de conhecermos a verdade em sua totalidade. 

Quando, era mais nova, ficava noites sem dormir preocupada com tantos enigmas do Universo e dos seres humanos.
Conforme aumentei meus estudos de filosofia e, até mesmo, quando li A IGNORÂNCIA de Milan Kundera, percebi que ser ignorante é ser humano ou teríamos que ser Ulisses.  
Hoje eu durmo tranquilamente sem sonhos nem pesadelos, durmo profundamente e em 99 por cento das minhas manhãs, acordo de muito bom humor.

Bem, mas o que é  mesmo que eu estava falando?

Ah, dos quadrados (como dizíamos nos anos 70),  que estão embalsamados em ser isso ou ser aquilo, enquanto outros mais felizes e não embalsamados só se preocupam em fazer algo prazeroso e ainda conseguem ser isso e ser aquilo.

A propósito do livro PARADO NA PORTA DO CÉU:


- Já vendeu muito bem online quando eu usava um codinome e continua vendendo, razoavelmente, com minha assinatura na capa.



- Não, eu não o psicografei.

- Não, eu não sou médium.

- Não, eu não dou consulta espiritual.

E, 

- SIM, é uma excelente leitura que desestimula o suicídio e exalta a Vida
- SIM, auxilia na vitória sobre a depressão. 


O livro retrata a vida do meu tio suicida, irmão de meu pai, da mãe deles, do pai, avô e avó.

O restante, creio que "romanciei" legal. No livro, meu pai se chama Armando.

Respeito todas as religiões, mas não professo nenhuma. 

Leiam o que o Sr. Divino Advincula, um homem de cultura ímpar e sem preconceitos e que leu o livro "Parado Na Porta do Céu", escreveu a respeito do mesmo. 

Depois, se quiserem, encomendem Parado Na Porta do Céu, nas livrarias Cultura e Saraiva ou entrem no site, abaixo.
Clique aí embaixo.

SOBRE O LIVRO DE NICOLE PUZZI por Divino Advincula.

A escritora, atriz e ferrenha defensora dos animais, Nicole Puzzi, escreveu e publicou mais um livro. Intitulado “Parado na porta do céu” é um romance espiritualista. Faz parte dos melhores que tive a alegria de ler. O seu novelo textual desenrola num mundo absolutamente fantástico e ao mesmo tempo humano, onde sentimentos e apreensões resvalam em regiões idealizadas como céu, lugares nebulosos, torrão e matéria. Do mesmo modo, na parte destinada aos encantos e desencantos das pessoas, Nicole alinhava muito bem os anseios muitas vezes contraditórios, como é próprio do ser humano, tais como amor, revolta, energia, desprendimento, improbabilidades e destinos. Tudo com enorme generosidade, delicadeza e sensibilidade características do seu espaço literário entendido como uma espécie de marca de minerais sobre o branco mármore. O livro é uma boa pedida para quem gosta de Theóphile Gautier até Stephen King, portanto, satisfaz pela sua abrangência e pela característica mais complicada e arriscada na arte de escrever: a inscrição do complexo nos entretons da simplicidade.       


ACESSE O LINK ABAIXO, PARA ADQUIRIR "PARADOS NA PORTA DO CÉU". 

https://www.clubedeautores.com.br/ptbr/search?utf8=%E2%9C%93&where=books&what=parado+na+porta+do+c%C3%A9u&sort=&topic_id=

QUERO ME APAIXONAR.


Querendo me apaixonar

Antes da pandemia, quase me apaixonei, mas o cara não entendeu direito, então resolvi ir de encontro à ele e tentar deixar mais claro.

Fui ao local onde ele estava. Não deu para ter um momento a sós. Muita gente, muita coisa acontecendo... 

Mas, fiz de tudo: coloquei uma roupa matadora, sapatos sensuais, pouca maquiagem, lábios molhados ... 
Olhei em seus olhos. 
Fixei. 
Usei aquele charme do olhar que só mulher sabe usar, o olhar que se entrega toda. Não apenas um olhar 43, mas,no mínimo, um olhar 43³³. 

Caprichei. 

Puxei pela memória dos meus filmes, respirei, usei minha voz rouca, fiz de tudo. 
Fui discreta, mas, certamente, óbvia demais. 

Ele, quase três horas depois de muita música, gente divertida para todo lado, garçons, seguranças, finalmente, "me enxergou" e pela surpresa estampada em seu rosto, entendeu meus sinais. 
Ficou tímido! 



Que é isso!? Pensei in a machista way. Ele é pegador! E, desde quando, Pegador fica tímido!? 



Ih, pensei, não faço o tipo dele. Ok. Sem problemas.

Meu demoniozinho interior sussurrou minha idade em meus ouvidos. 
É! É isso. 
Concluí, aceitando o Tempo como um amigo e, tranquila, fui me despedir do meu quase amado.



Curiosamente, ele estava sem jeito, mãos suadas e trêmulas, palavras atropeladas. 

Abraçou - me com uma força sensual que me arrepiou. Beijou meu rosto como se beijasse minha boca. 
Pediu meu telefone, eu dei. 

Apertou minha mão de novo, olhou, intencionalmente, em meus olhos, apertou minha cintura, colou -me outro beijo no limiar de meus lábios e só não caí em seus braços porque um monte de gente estava naquele cubículo barulhento, olhando e aguardando...

ENTÃO......
ELE NÃO TELEFONOU!!!!!!!
Uma semana e nada!
(Coisa típica de homem)

Quer saber?

Que se exploda!! Não tenho mais tempo para essas dúvidas ou inseguranças ou, sei lá o que.

Aí, se passaram duas semanas. 
Ele ligou. 
Ardente, ele, mas eu já estava morna. Bateu um cansaço, preguiça, sei lá... 
Quanto mais ele se explicava, mais me desanimava. 
Fez um elogios meio bobos.
O que teria acontecido se ele me ligasse no dia seguinte? Certamente, não sentiria esse cansaço. 

- Ligo amanhã pra gente marcar. - Eu disse sem nenhum remorso por estar mentindo.

Enfim, ele se apagou nos meandros esquisitos de meus desejos. Sumiu. Evaporou sem ter fervido.




Agora, estou, novamente, com vontade de me apaixonar. Olho no olho, ligar de madrugada, segurar na mão...
Aqueles amores e namoros que não existem mais...

ACHO QUE VOU DORMIR
não sou dessa geração.
Queria namorar como se namorava nos anos 70.
Já namorei demais nas décadas seguintes até hoje. 



Donos do poder da AREIA NO VENTO.

O solitário navegante anda por mares sombrios e neblinas espessas.
Na curta visão embaçada pela névoa, ele crê enxergar pessoas e as classifica, conforme a mente nublada pelo costume de navegar sem o sol. 

Há luzes e luzes no além trevas, mas esse navegante, oriundo de terras baixas e desabitadas, prefere o mar brumoso e a ele está tão habituado que sequer percebe as velas rasgadas, mofadas do gurupés.
O girar de sua cabeça é contínuo, desconexo. 
Por vezes, contempla por anos a fio uma imagem e a ela se apega, fanático, louco. 
Parasitário. 
Então guerreia, mata e morre em nome de uma efígie. Não é seu viver nem seu viço, nem seu verdadeiro ideal mas, como sanguessuga de si e de outros, ali se alimenta, de seu sangue e de muitos outros sangues, levando de roldão culpados e 
inocentes incautos.  
Como não tem movimento nos olhos, só suspeita e julga na escuridão aquilo que é seu reflexo. 
Odeia nos outros o que esconde em si, no cantão mais profundo de seu subconsciente. 
Persegue, 
pune, 
escraviza e, 
destrói tudo que a ele se assemelha.   

Triste desflorescimento. 
Vicejando ao contrário. 
O lapidificado navegante persiste em sua cruzada desprovida de saberes  e provimentos. 
É nave ínfima a procura de sua suposta superioridade.
Razão pálida o guia por um gigantesco mar de cores, mas ele só enxerga o que lhe é conhecido na alma. O breu.
O binóculo invertido mostra a distância de sua importância e grandiosidade.

Em geral, esse tolo navegante da nau parasitária, conluia - se aos senhores de ternos, de casacos de pele ou de trastes bem pensados. Apega - se facilmente à ideólogos e mitos, 
Submete - se aos que se proclamam Donos de Toda Providência.
Aos heréticos. 
Donos do poder da areia no vento.  



Afinal, o que move a vida é a morte.



Não há suavidade na vida.
Há maquiagem.

Onde reside a felicidade de algo finito? 
A finitude pode ser bela no espinho, mas não em uma rosa.

Somos seres em constante deterioração. Nunca fomos permanentes. Seres alteráveis.
Altera - se o corpo. Altera - se a mente.
E, povoamos um mundo efêmero. Lutamos para preservar a fugacidade da vida de nossos filhos.

E nova geração surgirá. Louca, esquisita, contestadora, esfuziante, bela, dona do mundo, da verdade e da razão. 
E essa geração também irá se perder no vácuo do tempo.

Loucamente, corremos atrás da felicidade. Não existe. É efêmera. Deixa saudades e amargará a velhice, caso a benção do esquecimento não transformar cada história num vexame nublado de demência.

Presta - se homenagens aos mortos, mas eles não sabem. E, se a religião estiver certa e eles souberem das homenagens, que importa se já morreram? Não viverão para colher os louros das glórias nem corrigir os erros do que já passou. 

Afinal, o que move a vida é a morte infinita.



Divagações - bipolarices


"BIPOLARIEDADES"


 Ando com preguiça de escrever ou com vergonha. 

Não tenho nada a dizer, a não ser aquilo que penso saber.

E, eu não sei mais nada. Antes, eu achava que sabia, mas veio a idade e eu já duvido de minha "sapiência".

Por isso, tenho vergonha.

Mas, sei lá o que me acontece, eu estou sentindo um ímpeto de arrebentar com minha costa, ferrar minha bunda nessa cadeira de madeira e detonar minha vista em frente a esse computador velho, ao qual me apeguei.

Então... Vou escrever. Espera aí. Não tenho nada em mente sobre o assunto que desejo escrever. 

Ando tão absorta. Olho a morte me acenando, de longe. Por enquanto, ainda longe. Mas, ela sorri, a safada. A morte sorri pra todo o mundo. 

O Lítio esta fazendo efeito reverso em meu cérebro. Piorou minha melancolia, repovoou meus pesadelos e estimulou a agressividade perdida, há muito tempo. 

Isso não é bom, falei para a psiquiatra.

Vai melhorar, disse ela e discorreu sobre o difícil processo que algumas pessoas sofrem até se adaptarem ao Lítio. Eu não ouvi metade do que ela falou, estava dispersa, no mundo da mesma Lua que vivi em minha infância. Só que aquela Lua infantil era muito alegre. A minha lua atual é quarto muito minguante.


"Bipolarice"

Hoje, todo mundo é bipolar. Virou moda ser destemperado.  Alguns são mal educados e altamente agressivos, mesmo. 

Vou continuar com esse Lítio por mais alguns dias. 

Quando (de novo e de novo) me recuperar e se eu estiver nesse estado que não é bom... bem ... eu vou parar com Lítio, com psiquiatra e vou pra praia, mas não em final de semana, Final de semana a praia fica cheia de gente bipolar e é disgusting. Vou numa segunda. Levo meu cão, o Dr Sheldon Cooper, e vou passear na areia com ele, a tardezinha, mas sem celular nem dinheiro, talvez uma faca pra me defender. O cachorro é vira lata, então fico tranquila, ninguém vai rouba - lo. No meu quarto não haverá televisão. Em meu celular, deletarei todas redes sociais e whatsapp, mas ele permanecerá, regiamente, desligado, somente para emergência, no caso, pra polícia ou resgate. Sei lá, tanta loucura nas idas e vindas do litoral. Não pensarei em necro política, destruição do meio ambiente, maus tratos aos animais, machismo, racismo nem homofobia.    

Por que será que tanta gente é bipolar?


Auto-retrato, c. 1845

[O desesperado]

Gustave Courbet (França, 1819-1877)


RETÓRICA DO MAL


A retórica do mal é simples, eivada de argumentação duvidosa, com aparência de bondade, irrigada de indignação falaciosa e muito carregada em emoção.

Todos os "príncipes" de Machiavelli se apresentavam dessa forma, mesmo antes de Maquiavel existir, todos carregaram multidões, foram exímios artistas na persuasão, todos sopraram falsas esperanças e todos esses "príncipes" foram poderosos, amealharam fortunas e pasmem!.....
TODO MUNDO ACREDITOU NELES!

A História, com H maiúsculo, não serve de aprendizado à humanidade. 
Se Nero voltasse amanhã, iria colocar fogo em Roma e seria aplaudido.
Se Hitler.... óbvio demais para ser citado. Nem sei se ele, realmente, está morto, apesar de crer nas suas cinzas enfrente ao seu bunker em Berlim. Contudo, Adolph nunca esteve mais vivo. Seus métodos de persuasão e sua incrível, "humana", "sentimentalóide" e suspirada oratória é fartamente utilizada em todos os meios sociais, incluindo meio religioso e polí... não serei óbvia de novo.


Eu não nasci nesse mundo, quero concluir, mas percebo, que fui apenas uma ingênua que acreditava na trilogia: paz, amor e honestidade. 
Uso uma lupa e muito boa vontade para encontrar essa trilogia no Brasil atual.

PAUSA!

Não falo apenas do ambiente podre político e com todos os partidos e todos os políticos inclusos.
Me incluam fora dessa orgia demente, sem gozo e com prazer estranho e doente.
Falo do simples dia a dia. Falo do óbvio. Falo dos humanos.
Qualquer instituição pública ou privada, esta aí para corromper, ser corrompida e "levar  cigarros Vila Rica", ou seja, levar vantagem. Infelizmente, as instituições são compostas de homens e mulheres, de indivíduos que poderiam fazer a diferença na luta cotidiana.


A erva daninha nasce pequena, as atitudes cínicas também.
Se você não verificar o canhoto do cartão, o valor digitado pode ser mais alto.
Se comprar em liquidação, o produto, possivelmente, sera de péssima qualidade ou preço adulterado
Se comprar carro, terá problemas.
Se comprar celular, ai ai ai.
Se procurar assistência técnica de qualquer produto... 
Se entrar na justiça, tome dor de cabeça e reze.
Se esbarrar em alguém....
Etc
Um infinito de coisinhas tão infinitesimais como os micróbios, mas, que também matam.

É um calvário que enodoa a vida. Que estressa. Que encurta o prazer, encurta a vida. Que empobrece o caráter dos mais fracos, empobrece as emoções. Que desperdiça tempo, desperdiça alegria. 
Que leva à morte. 

É apenas o espelho daqueles que foram escolhidos na direção do país ou os dirigentes do país são nossos espelhos?
Os grandes assassinos de povo ou de ideais são apenas os medíocres maldosos do cotidiano elevados a cargos importantes.






Prefiro os cachorros! Prefiro os seres que não são os humanos.


Viver não é preciso.


NAVEGAR É PRECISO

quadro de Osório Gimenez

Navegue, mesmo abarrotado de dores.
Dor passa, a vida passa. 

Viver não é preciso. 
Viver é estrada de concreto. É ter juízo.
É odiar e viver incompleto.
Rolar no chão com cólicas, lancinantes, sem amor, sem amantes. Sozinho, sem carinho, num tapete atrás da porta. 
Sentir o gelo da faca que corta e o sangue que escorre da esperança, que é a primeira que morre.
O Viver se apodera, escraviza, diminui a gente. Hipnotiza e arrasta para pedregulhos pontiagudos. 
Tormentoso flagelo.  

Navegar é macio, gotas de rocio. Estrada de espumas flutuantes, errantes, misteriosas, gostosas.
Eu tento navegar. Mas, não se deve tentar. Basta se soltar, sorrir, insistir. Sentir o ar que outro respira e respirar no mesmo compasso, tranquilo, sem embaraço.


 
Não tenha opiniões arraigadas. Enraizadas. Saia do banal.
Não se leve tão a sério..
 Ao final.... estaremos todos junto no cemitério.  

Barco quebrado não navega.



Espumas flutuantes dissipadas.

Meia noite, metade da noite.
Ao ouvir o som do relógio marcando meia - noite, algo se move dentro de mim. Algo secreto, dolorido e aceitado, porque havia de vir e veio. Não veio antes nem depois da hora, veio na hora certa.
Chegou tão devagarinho e tão rápido que parece que sempre esteve aqui e eu nem percebi. Quando vi, embranqueci. (Esse fio já estava aqui, ontem? Nem percebi.)
Um dia brilhante, agradável, ensolarado, quando chega à noite traz cansaço e sensação de vida a ser e querer ser vivida. Mas é meia noite. Despedidas necessárias. As folhas do livro encontrando a capa dura de fechamento.
Não bate desespero, mas como disse aquele Millor: que pena.
O sorvete acabou. O salão da festa esta esvaziando. Que pena.
O amigo estava aqui mesmo, naquela mesa, onde ele sentava sempre. A mesa olha entristecida, já não se preocupa mais em ser receptiva e se quebra. Cai o copo, derruba a cerveja, esmaece o sol. E, então, chega à meia noite. Ao meio da noite, não ao meio dia. O meio dia faz tanto tempo e parece que foi agorinha mesmo, quase que da pra tocar nele, mas não da. Já foi tocado e só se toca uma vez.
Virá o alvorecer? Não. Que pena.
As espumas flutuantes, flutuam e se dissipam.
Quando se aprende a sambar, a escola está na dispersão. Que pena.
No melhor da festa, os amigos vão parando de dançar. A valsa não rodopia, o rock guarda a guitarra, definitivamente.
Vinícius, meu poeta, permita - me repetir sua pergunta:
- Escuta Amigo, se foi pra desfazer por que é que fez?


A VELHICE E A VERGONHA - breve reflexão



A velhice iguala os que foram jovens belos ou jovens feios.
O dinheiro promove uma vida mais saudável, óbvio, mas não é sobre isso que falo.
Por mais grana, boa genética e tratamentos rejuvenescedores, chega uma hora que a degradação física é inexorável. Retira tudo aquilo que foi belo no passado de aparências fisionômicas.


Não há Dorian Grey no retrato.

Se esse é o destino de todos, sem exceção, então porque sofrem, as pessoas?
A evolução invertida, do aspecto corporal e facial, não deveria incomodar tanto. Não deveria ser motivo de bullying por aqueles seguidores do mesmo longo e sinuoso caminho, que leva à porta da deterioração de carnes.

E a vergonha que segue as rugas e languidez dos tecidos corporais? Incompreensível, já que, por enquanto essa é a porta que o longo e sinuoso caminho desemboca.
É complicado ser vivo.


NADA É PERENE.


5 de agosto de 1962, 
Brentwood, Los Angeles, Califórnia, EUA


30 de setembro de 1955, 
Cholame, Califórnia, EUA

Sem medo de público


Tenho feito algumas, raras, palestras sobre o medo de falar em público.

Muita gente, que tinha dificuldades para falar em alguma reunião, roda de amigos, na escola ou no trabalho, identificou - se com a pessoa que eu fui na adolescência. Reservada, calada, tímida.

Eu fui gaga até meus quinze anos ou um pouco mais. A dificuldade era monstruosa, mas na marra (sou marrenta, confesso), consegui me libertar e expressar o que sinto em palavras, porém, essa transição foi problemática. Comecei a falar tudo o que me vinha na cabeça. E, esse não foi um bom começo. Levei umas bordoadas da vida e com um pouco de raciocínio, entendi/aprendi que não era esse o caminho. 

Hoje, tranquilamente, consigo me expressar com clareza e de forma gentil. Ou quase.
Sou uma estudiosa do ser humano. Sou uma estudiosa de mim mesma. 
Não me abalo com críticas, elogios não me seduzem, o que é um passo importantíssimo para bem falar e agradar quem ouve, mesmo quando minha opinião não esta em acordo com o público.

Superei o turbilhão de ataques e preconceitos recebido ao longo dos anos, contudo, só consegui superar através de minha atitude interna de transparência e minha palavra dita com verdade e limpidez.

Hoje, consigo navegar em meio à qualquer assunto, consigo me expressar com tranquilidade, seja na frente de um grande público ou reuniões com poucas pessoas ou apenas uma. 
Converso com todas as classes sociais. Mas, quando não quero conversar não há quem me faça falar. Daquilo que não entendo, eu pergunto. Eu aprendo o que não conheço. Se a opinião diferente é melhor do que a minha, eu acato.

Sinceridade, humildade e bom humor são algumas das chaves para se desprender do medo de abrir a boca em público e ter uma vida sem o medo que paralisa a garganta e faz transpirar as mãos.

Realidade ou pesadelo na Itália.


Há alguns anos, quando morava em Roma, experienciei uma situação terrível. 
Fui trancafiada num apartamento, em Tor Pignata, por um homem, cuja aparência, jamais demonstraria sua psicopatia. Ele não me agrediu nem me estuprou. Apenas, tentou sequestrar minha vida, minha liberdade. Era algo pertinente à doença dele. Usurpar e destruir a mulher. 
Eu era amiga da esposa dele há muitos anos. Ela era brasileira, ele, italiano. Convidaram e aceitei passar alguns dias com o casal. Nada aparentava o terror com qual eu iria me deparar. Os dois pareciam um casal normal, num belo apartamento. No entanto, quando fui visitar, por insistência dele, o local onde, com orgulho,  ele dizia manter um tipo de zoológico particular, percebi a sombra de sua loucura. Era um pavimento escuro, fechado, claustrofóbico, com muitas gaiolas aprisionando belos pássaros e muitos anfíbios. Partiu meu coração. Chorei pela tristeza e medo refletidos nos olhos daqueles pobres animais. Então, tomei uma atitude, resolvi sair da casa deles, ir para Londres e na volta, seguiria direto para meu apartamento em Ferentino, onde iria assumir meu emprego, já definido desde o Brasil. Precisava aprender melhor o idioma italiano, conhecer as leis italianas de proteção animal para, se possível, denuncia - lo. 
Na ida para a capital da Inglaterra, o casal insistiu e, deixei minhas malas pesadas em sua residência. Na volta, fui busca - las com a pretensão de partir imediatamente para Ferentino. Eles conversavam e conversavam e eu, nem sei porque, fui ficando meio apática, sonolenta. Cochilei no sofá. Acordei com o choro da minha amiga brasileira. Ela aparentava um desespero que jamais, havia visto naquela mulher. Uma ansiedade e medo tomou conta de mim. Tentava entender o que estava se passando. Ela falava coisas desconexas. Xingava o marido, os falecidos sogros, falava de sua desgraça na vida. Não sei como, consegui acalma - la. Não queria deixar minha amiga sozinha, por isso não fui para Ferentino naquele dia. No dia seguinte, constatei uma dura realidade, que nunca imaginei passar. Um filme de terror. 
O apartamento estava fechado, as chaves tinham sumido e a mulher, completamente, desvairada. O marido italiano tinha ido para a campagna . Aos poucos, entendi que estava presa naquele local, sem meu celular, sem telefone, sem ter como pedir socorro, pois todos naquele prédio o temiam e eram seus parentes. 
No pior momento, mantenha a calma. - Pensei. Usei toda a paz que sempre busquei e mantive - me calma. Ele voltou. Percebi que estava irracional, seu olhar mudado. Pedi que abrisse a porta e ele ficou muito nervoso e ofendido. Fez um discurso sobre a grandeza perdida de Roma. Um discurso fascista, como eu nunca tinha ouvido antes. Parecia uma cópia de Mussolini falando. Metia medo, pois ele era muito parecido, fisicamente, com Il DuceSaiu novamente e trancou a porta. Procurei em todos os cantos da casa a fim de encontrar uma cópia, mas nada. Tentar abrir com uma faca seria tentativa vã. A porta possuía seis trancas. Pensei em pedir socorro pela janela, mas foi inútil. 
Enquanto isso, a mulher ficava ralando queijo, ralando queijo, ralando queijo e cortando pães. Não dormia nunca! Eu ficava com o coração partido por vê - la tão doente, mas não sabia como proceder. Precisava sair dali. Eu me sentia igual às lindas aves naquele andar escuro. Minha vida no Brasil parecia um sonho distante. Irreal. Reagi a isso, mantendo a calma, mas meu corpo não me obedecia, tremia com a sensação de choques elétricos. Foram poucos dias, mas pareceu uma eternidade. Certa noite, eu mostrei um bom humor que estava longe de sentir. Conversei com ele e entrei em sua paranoia, concordando com tudo o que ele falava e, citei várias passagens da vida nojenta de Mussolini como se fossem, extremamente, impecáveis, corretas, maravilhosas. Não deu outra. O homem se distraiu e esqueceu as chaves. Fugi no meio da noite. Retomei minha vida, rapidamente para não sucumbir, e depois, aos poucos, refleti e busquei terapia.

Dessa experiência surreal, porém real, a fim de expurgar aqueles dias de tristes lembranças, escrevi uma saga de terror, ainda inédita, chamada: 

COMO POSSO MORIRE TANTE VOLTE? 



Infância e noites...


O medo vem quando nós estamos no escuro e o que era objeto na claridade, começa a ter vida.
Quantas noites, na casa de tábuas em que morei no Paraná, via a cadeira do quarto crescer e assumir formas humanas, a lamparina encima do caibro emitindo uma luz, de cheiro queimado de querosene, lambendo a parede e desenhando cenas grotescas de monstros, ao estilo de Fuseli, e, quando sentia a solidão da noite, povoada de gritos de animais, criquilar de grilos desesperados, o coro soturno de coaxar de sapos e incontáveis sons noturnos abissais, eu colocava a mão na cabeça e soltava um gemido baixo e angustioso, talvez Edvard Munch tenha retratado esse desespero bem antes de meu nascimento.
Nessa tormenta noturna, eu conseguia apenas emitir uma palavra, quase um sopro:
Mãe. 
Como um passe de mágica, ela aparecia na porta de meu quarto e, as vezes, dormia ali mesmo, em outras, me levava para sua cama ou então rezava uma Ave Maria que eu só ouvia até "bendita sois, vós, entre as mulheres..."
E, assim alvorecia no Paraná.
Cheiro de café, de chá mate, de pão fresco... Eu levantava... bença pai, bença mãe.
Deus te abençoe. 
Eu tinha os dois a meu favor, ao meu lado. Eles me olhavam e era tudo muito bom, muito misturado com o café quente e cheiroso que eu não podia tomar. "Ataca o estômago da menina". A menina era eu. Por isso, o chá. Ela me cuidava. Eu a amava. Eu amava ele, mas, ela, ela era... ela era ela. Minha. Minha, tão minha.  Minha mão segurava a dela e eu sentia seu calor. 

Fui muito feliz ao seu lado. Continuo trazendo essa felicidade em meu coração.
Hoje, nas noites insones, em que as criações de Fusili ou Munch vêm me espreitar, eu as recebo com bom ânimo. Não tenho medo...
Ela me ensinou a tranquilidade da resiliência.