Donos do poder da AREIA NO VENTO.

O solitário navegante anda por mares sombrios e neblinas espessas.
Na curta visão embaçada pela névoa, ele crê enxergar pessoas e as classifica, conforme a mente nublada pelo costume de navegar sem o sol. 

Há luzes e luzes no além trevas, mas esse navegante, oriundo de terras baixas e desabitadas, prefere o mar brumoso e a ele está tão habituado que sequer percebe as velas rasgadas, mofadas do gurupés.
O girar de sua cabeça é contínuo, desconexo. 
Por vezes, contempla por anos a fio uma imagem e a ela se apega, fanático, louco. 
Parasitário. 
Então guerreia, mata e morre em nome de uma efígie. Não é seu viver nem seu viço, nem seu verdadeiro ideal mas, como sanguessuga de si e de outros, ali se alimenta, de seu sangue e de muitos outros sangues, levando de roldão culpados e 
inocentes incautos.  
Como não tem movimento nos olhos, só suspeita e julga na escuridão aquilo que é seu reflexo. 
Odeia nos outros o que esconde em si, no cantão mais profundo de seu subconsciente. 
Persegue, 
pune, 
escraviza e, 
destrói tudo que a ele se assemelha.   

Triste desflorescimento. 
Vicejando ao contrário. 
O lapidificado navegante persiste em sua cruzada desprovida de saberes  e provimentos. 
É nave ínfima a procura de sua suposta superioridade.
Razão pálida o guia por um gigantesco mar de cores, mas ele só enxerga o que lhe é conhecido na alma. O breu.
O binóculo invertido mostra a distância de sua importância e grandiosidade.

Em geral, esse tolo navegante da nau parasitária, conluia - se aos senhores de ternos, de casacos de pele ou de trastes bem pensados. Apega - se facilmente à ideólogos e mitos, 
Submete - se aos que se proclamam Donos de Toda Providência.
Aos heréticos. 
Donos do poder da areia no vento.  



Afinal, o que move a vida é a morte.



Não há suavidade na vida.
Há maquiagem.

Onde reside a felicidade de algo finito? 
A finitude pode ser bela no espinho, mas não em uma rosa.

Somos seres em constante deterioração. Nunca fomos permanentes. Seres alteráveis.
Altera - se o corpo. Altera - se a mente.
E, povoamos um mundo efêmero. Lutamos para preservar a fugacidade da vida de nossos filhos.

E nova geração surgirá. Louca, esquisita, contestadora, esfuziante, bela, dona do mundo, da verdade e da razão. 
E essa geração também irá se perder no vácuo do tempo.

Loucamente, corremos atrás da felicidade. Não existe. É efêmera. Deixa saudades e amargará a velhice, caso a benção do esquecimento não transformar cada história num vexame nublado de demência.

Presta - se homenagens aos mortos, mas eles não sabem. E, se a religião estiver certa e eles souberem das homenagens, que importa se já morreram? Não viverão para colher os louros das glórias nem corrigir os erros do que já passou. 

Afinal, o que move a vida é a morte infinita.



Divagações - bipolarices


"BIPOLARIEDADES"


 Ando com preguiça de escrever ou com vergonha. 

Não tenho nada a dizer, a não ser aquilo que penso saber.

E, eu não sei mais nada. Antes, eu achava que sabia, mas veio a idade e eu já duvido de minha "sapiência".

Por isso, tenho vergonha.

Mas, sei lá o que me acontece, eu estou sentindo um ímpeto de arrebentar com minha costa, ferrar minha bunda nessa cadeira de madeira e detonar minha vista em frente a esse computador velho, ao qual me apeguei.

Então... Vou escrever. Espera aí. Não tenho nada em mente sobre o assunto que desejo escrever. 

Ando tão absorta. Olho a morte me acenando, de longe. Por enquanto, ainda longe. Mas, ela sorri, a safada. A morte sorri pra todo o mundo. 

O Lítio esta fazendo efeito reverso em meu cérebro. Piorou minha melancolia, repovoou meus pesadelos e estimulou a agressividade perdida, há muito tempo. 

Isso não é bom, falei para a psiquiatra.

Vai melhorar, disse ela e discorreu sobre o difícil processo que algumas pessoas sofrem até se adaptarem ao Lítio. Eu não ouvi metade do que ela falou, estava dispersa, no mundo da mesma Lua que vivi em minha infância. Só que aquela Lua infantil era muito alegre. A minha lua atual é quarto muito minguante.


"Bipolarice"

Hoje, todo mundo é bipolar. Virou moda ser destemperado.  Alguns são mal educados e altamente agressivos, mesmo. 

Vou continuar com esse Lítio por mais alguns dias. 

Quando (de novo e de novo) me recuperar e se eu estiver nesse estado que não é bom... bem ... eu vou parar com Lítio, com psiquiatra e vou pra praia, mas não em final de semana, Final de semana a praia fica cheia de gente bipolar e é disgusting. Vou numa segunda. Levo meu cão, o Dr Sheldon Cooper, e vou passear na areia com ele, a tardezinha, mas sem celular nem dinheiro, talvez uma faca pra me defender. O cachorro é vira lata, então fico tranquila, ninguém vai rouba - lo. No meu quarto não haverá televisão. Em meu celular, deletarei todas redes sociais e whatsapp, mas ele permanecerá, regiamente, desligado, somente para emergência, no caso, pra polícia ou resgate. Sei lá, tanta loucura nas idas e vindas do litoral. Não pensarei em necro política, destruição do meio ambiente, maus tratos aos animais, machismo, racismo nem homofobia.    

Por que será que tanta gente é bipolar?


Auto-retrato, c. 1845

[O desesperado]

Gustave Courbet (França, 1819-1877)


RETÓRICA DO MAL


A retórica do mal é simples, eivada de argumentação duvidosa, com aparência de bondade, irrigada de indignação falaciosa e muito carregada em emoção.

Todos os "príncipes" de Machiavelli se apresentavam dessa forma, mesmo antes de Maquiavel existir, todos carregaram multidões, foram exímios artistas na persuasão, todos sopraram falsas esperanças e todos esses "príncipes" foram poderosos, amealharam fortunas e pasmem!.....
TODO MUNDO ACREDITOU NELES!

A História, com H maiúsculo, não serve de aprendizado à humanidade. 
Se Nero voltasse amanhã, iria colocar fogo em Roma e seria aplaudido.
Se Hitler.... óbvio demais para ser citado. Nem sei se ele, realmente, está morto, apesar de crer nas suas cinzas enfrente ao seu bunker em Berlim. Contudo, Adolph nunca esteve mais vivo. Seus métodos de persuasão e sua incrível, "humana", "sentimentalóide" e suspirada oratória é fartamente utilizada em todos os meios sociais, incluindo meio religioso e polí... não serei óbvia de novo.


Eu não nasci nesse mundo, quero concluir, mas percebo, que fui apenas uma ingênua que acreditava na trilogia: paz, amor e honestidade. 
Uso uma lupa e muito boa vontade para encontrar essa trilogia no Brasil atual.

PAUSA!

Não falo apenas do ambiente podre político e com todos os partidos e todos os políticos inclusos.
Me incluam fora dessa orgia demente, sem gozo e com prazer estranho e doente.
Falo do simples dia a dia. Falo do óbvio. Falo dos humanos.
Qualquer instituição pública ou privada, esta aí para corromper, ser corrompida e "levar  cigarros Vila Rica", ou seja, levar vantagem. Infelizmente, as instituições são compostas de homens e mulheres, de indivíduos que poderiam fazer a diferença na luta cotidiana.


A erva daninha nasce pequena, as atitudes cínicas também.
Se você não verificar o canhoto do cartão, o valor digitado pode ser mais alto.
Se comprar em liquidação, o produto, possivelmente, sera de péssima qualidade ou preço adulterado
Se comprar carro, terá problemas.
Se comprar celular, ai ai ai.
Se procurar assistência técnica de qualquer produto... 
Se entrar na justiça, tome dor de cabeça e reze.
Se esbarrar em alguém....
Etc
Um infinito de coisinhas tão infinitesimais como os micróbios, mas, que também matam.

É um calvário que enodoa a vida. Que estressa. Que encurta o prazer, encurta a vida. Que empobrece o caráter dos mais fracos, empobrece as emoções. Que desperdiça tempo, desperdiça alegria. 
Que leva à morte. 

É apenas o espelho daqueles que foram escolhidos na direção do país ou os dirigentes do país são nossos espelhos?
Os grandes assassinos de povo ou de ideais são apenas os medíocres maldosos do cotidiano elevados a cargos importantes.






Prefiro os cachorros! Prefiro os seres que não são os humanos.


Viver não é preciso.


NAVEGAR É PRECISO

quadro de Osório Gimenez

Navegue, mesmo abarrotado de dores.
Dor passa, a vida passa. 

Viver não é preciso. 
Viver é estrada de concreto. É ter juízo.
É odiar e viver incompleto.
Rolar no chão com cólicas, lancinantes, sem amor, sem amantes. Sozinho, sem carinho, num tapete atrás da porta. 
Sentir o gelo da faca que corta e o sangue que escorre da esperança, que é a primeira que morre.
O Viver se apodera, escraviza, diminui a gente. Hipnotiza e arrasta para pedregulhos pontiagudos. 
Tormentoso flagelo.  

Navegar é macio, gotas de rocio. Estrada de espumas flutuantes, errantes, misteriosas, gostosas.
Eu tento navegar. Mas, não se deve tentar. Basta se soltar, sorrir, insistir. Sentir o ar que outro respira e respirar no mesmo compasso, tranquilo, sem embaraço.


 
Não tenha opiniões arraigadas. Enraizadas. Saia do banal.
Não se leve tão a sério..
 Ao final.... estaremos todos junto no cemitério.  

Barco quebrado não navega.



Espumas flutuantes dissipadas.

Meia noite, metade da noite.
Ao ouvir o som do relógio marcando meia - noite, algo se move dentro de mim. Algo secreto, dolorido e aceitado, porque havia de vir e veio. Não veio antes nem depois da hora, veio na hora certa.
Chegou tão devagarinho e tão rápido que parece que sempre esteve aqui e eu nem percebi. Quando vi, embranqueci. (Esse fio já estava aqui, ontem? Nem percebi.)
Um dia brilhante, agradável, ensolarado, quando chega à noite traz cansaço e sensação de vida a ser e querer ser vivida. Mas é meia noite. Despedidas necessárias. As folhas do livro encontrando a capa dura de fechamento.
Não bate desespero, mas como disse aquele Millor: que pena.
O sorvete acabou. O salão da festa esta esvaziando. Que pena.
O amigo estava aqui mesmo, naquela mesa, onde ele sentava sempre. A mesa olha entristecida, já não se preocupa mais em ser receptiva e se quebra. Cai o copo, derruba a cerveja, esmaece o sol. E, então, chega à meia noite. Ao meio da noite, não ao meio dia. O meio dia faz tanto tempo e parece que foi agorinha mesmo, quase que da pra tocar nele, mas não da. Já foi tocado e só se toca uma vez.
Virá o alvorecer? Não. Que pena.
As espumas flutuantes, flutuam e se dissipam.
Quando se aprende a sambar, a escola está na dispersão. Que pena.
No melhor da festa, os amigos vão parando de dançar. A valsa não rodopia, o rock guarda a guitarra, definitivamente.
Vinícius, meu poeta, permita - me repetir sua pergunta:
- Escuta Amigo, se foi pra desfazer por que é que fez?


A VELHICE E A VERGONHA - breve reflexão



A velhice iguala os que foram jovens belos ou jovens feios.
O dinheiro promove uma vida mais saudável, óbvio, mas não é sobre isso que falo.
Por mais grana, boa genética e tratamentos rejuvenescedores, chega uma hora que a degradação física é inexorável. Retira tudo aquilo que foi belo no passado de aparências fisionômicas.


Não há Dorian Grey no retrato.

Se esse é o destino de todos, sem exceção, então porque sofrem, as pessoas?
A evolução invertida, do aspecto corporal e facial, não deveria incomodar tanto. Não deveria ser motivo de bullying por aqueles seguidores do mesmo longo e sinuoso caminho, que leva à porta da deterioração de carnes.

E a vergonha que segue as rugas e languidez dos tecidos corporais? Incompreensível, já que, por enquanto essa é a porta que o longo e sinuoso caminho desemboca.
É complicado ser vivo.


NADA É PERENE.


5 de agosto de 1962, 
Brentwood, Los Angeles, Califórnia, EUA


30 de setembro de 1955, 
Cholame, Califórnia, EUA

Sem medo de público


Tenho feito algumas, raras, palestras sobre o medo de falar em público.

Muita gente, que tinha dificuldades para falar em alguma reunião, roda de amigos, na escola ou no trabalho, identificou - se com a pessoa que eu fui na adolescência. Reservada, calada, tímida.

Eu fui gaga até meus quinze anos ou um pouco mais. A dificuldade era monstruosa, mas na marra (sou marrenta, confesso), consegui me libertar e expressar o que sinto em palavras, porém, essa transição foi problemática. Comecei a falar tudo o que me vinha na cabeça. E, esse não foi um bom começo. Levei umas bordoadas da vida e com um pouco de raciocínio, entendi/aprendi que não era esse o caminho. 

Hoje, tranquilamente, consigo me expressar com clareza e de forma gentil. Ou quase.
Sou uma estudiosa do ser humano. Sou uma estudiosa de mim mesma. 
Não me abalo com críticas, elogios não me seduzem, o que é um passo importantíssimo para bem falar e agradar quem ouve, mesmo quando minha opinião não esta em acordo com o público.

Superei o turbilhão de ataques e preconceitos recebido ao longo dos anos, contudo, só consegui superar através de minha atitude interna de transparência e minha palavra dita com verdade e limpidez.

Hoje, consigo navegar em meio à qualquer assunto, consigo me expressar com tranquilidade, seja na frente de um grande público ou reuniões com poucas pessoas ou apenas uma. 
Converso com todas as classes sociais. Mas, quando não quero conversar não há quem me faça falar. Daquilo que não entendo, eu pergunto. Eu aprendo o que não conheço. Se a opinião diferente é melhor do que a minha, eu acato.

Sinceridade, humildade e bom humor são algumas das chaves para se desprender do medo de abrir a boca em público e ter uma vida sem o medo que paralisa a garganta e faz transpirar as mãos.

Realidade ou pesadelo na Itália.


Há alguns anos, quando morava em Roma, experienciei uma situação terrível. 
Fui trancafiada num apartamento, em Tor Pignata, por um homem, cuja aparência, jamais demonstraria sua psicopatia. Ele não me agrediu nem me estuprou. Apenas, tentou sequestrar minha vida, minha liberdade. Era algo pertinente à doença dele. Usurpar e destruir a mulher. 
Eu era amiga da esposa dele há muitos anos. Ela era brasileira, ele, italiano. Convidaram e aceitei passar alguns dias com o casal. Nada aparentava o terror com qual eu iria me deparar. Os dois pareciam um casal normal, num belo apartamento. No entanto, quando fui visitar, por insistência dele, o local onde, com orgulho,  ele dizia manter um tipo de zoológico particular, percebi a sombra de sua loucura. Era um pavimento escuro, fechado, claustrofóbico, com muitas gaiolas aprisionando belos pássaros e muitos anfíbios. Partiu meu coração. Chorei pela tristeza e medo refletidos nos olhos daqueles pobres animais. Então, tomei uma atitude, resolvi sair da casa deles, ir para Londres e na volta, seguiria direto para meu apartamento em Ferentino, onde iria assumir meu emprego, já definido desde o Brasil. Precisava aprender melhor o idioma italiano, conhecer as leis italianas de proteção animal para, se possível, denuncia - lo. 
Na ida para a capital da Inglaterra, o casal insistiu e, deixei minhas malas pesadas em sua residência. Na volta, fui busca - las com a pretensão de partir imediatamente para Ferentino. Eles conversavam e conversavam e eu, nem sei porque, fui ficando meio apática, sonolenta. Cochilei no sofá. Acordei com o choro da minha amiga brasileira. Ela aparentava um desespero que jamais, havia visto naquela mulher. Uma ansiedade e medo tomou conta de mim. Tentava entender o que estava se passando. Ela falava coisas desconexas. Xingava o marido, os falecidos sogros, falava de sua desgraça na vida. Não sei como, consegui acalma - la. Não queria deixar minha amiga sozinha, por isso não fui para Ferentino naquele dia. No dia seguinte, constatei uma dura realidade, que nunca imaginei passar. Um filme de terror. 
O apartamento estava fechado, as chaves tinham sumido e a mulher, completamente, desvairada. O marido italiano tinha ido para a campagna . Aos poucos, entendi que estava presa naquele local, sem meu celular, sem telefone, sem ter como pedir socorro, pois todos naquele prédio o temiam e eram seus parentes. 
No pior momento, mantenha a calma. - Pensei. Usei toda a paz que sempre busquei e mantive - me calma. Ele voltou. Percebi que estava irracional, seu olhar mudado. Pedi que abrisse a porta e ele ficou muito nervoso e ofendido. Fez um discurso sobre a grandeza perdida de Roma. Um discurso fascista, como eu nunca tinha ouvido antes. Parecia uma cópia de Mussolini falando. Metia medo, pois ele era muito parecido, fisicamente, com Il DuceSaiu novamente e trancou a porta. Procurei em todos os cantos da casa a fim de encontrar uma cópia, mas nada. Tentar abrir com uma faca seria tentativa vã. A porta possuía seis trancas. Pensei em pedir socorro pela janela, mas foi inútil. 
Enquanto isso, a mulher ficava ralando queijo, ralando queijo, ralando queijo e cortando pães. Não dormia nunca! Eu ficava com o coração partido por vê - la tão doente, mas não sabia como proceder. Precisava sair dali. Eu me sentia igual às lindas aves naquele andar escuro. Minha vida no Brasil parecia um sonho distante. Irreal. Reagi a isso, mantendo a calma, mas meu corpo não me obedecia, tremia com a sensação de choques elétricos. Foram poucos dias, mas pareceu uma eternidade. Certa noite, eu mostrei um bom humor que estava longe de sentir. Conversei com ele e entrei em sua paranoia, concordando com tudo o que ele falava e, citei várias passagens da vida nojenta de Mussolini como se fossem, extremamente, impecáveis, corretas, maravilhosas. Não deu outra. O homem se distraiu e esqueceu as chaves. Fugi no meio da noite. Retomei minha vida, rapidamente para não sucumbir, e depois, aos poucos, refleti e busquei terapia.

Dessa experiência surreal, porém real, a fim de expurgar aqueles dias de tristes lembranças, escrevi uma saga de terror, ainda inédita, chamada: 

COMO POSSO MORIRE TANTE VOLTE? 



Infância e noites...


O medo vem quando nós estamos no escuro e o que era objeto na claridade, começa a ter vida.
Quantas noites, na casa de tábuas em que morei no Paraná, via a cadeira do quarto crescer e assumir formas humanas, a lamparina encima do caibro emitindo uma luz, de cheiro queimado de querosene, lambendo a parede e desenhando cenas grotescas de monstros, ao estilo de Fuseli, e, quando sentia a solidão da noite, povoada de gritos de animais, criquilar de grilos desesperados, o coro soturno de coaxar de sapos e incontáveis sons noturnos abissais, eu colocava a mão na cabeça e soltava um gemido baixo e angustioso, talvez Edvard Munch tenha retratado esse desespero bem antes de meu nascimento.
Nessa tormenta noturna, eu conseguia apenas emitir uma palavra, quase um sopro:
Mãe. 
Como um passe de mágica, ela aparecia na porta de meu quarto e, as vezes, dormia ali mesmo, em outras, me levava para sua cama ou então rezava uma Ave Maria que eu só ouvia até "bendita sois, vós, entre as mulheres..."
E, assim alvorecia no Paraná.
Cheiro de café, de chá mate, de pão fresco... Eu levantava... bença pai, bença mãe.
Deus te abençoe. 
Eu tinha os dois a meu favor, ao meu lado. Eles me olhavam e era tudo muito bom, muito misturado com o café quente e cheiroso que eu não podia tomar. "Ataca o estômago da menina". A menina era eu. Por isso, o chá. Ela me cuidava. Eu a amava. Eu amava ele, mas, ela, ela era... ela era ela. Minha. Minha, tão minha.  Minha mão segurava a dela e eu sentia seu calor. 

Fui muito feliz ao seu lado. Continuo trazendo essa felicidade em meu coração.
Hoje, nas noites insones, em que as criações de Fusili ou Munch vêm me espreitar, eu as recebo com bom ânimo. Não tenho medo...
Ela me ensinou a tranquilidade da resiliência.


Sonho Estranho.




Cansada, deitei e dormi, imediatamente e, tive um sonho meio estranho.
Senhores e senhoras, mais estudados e inteligentes que eu e que poderão me criticar, um aviso.
Não ouso interpretar sonhos. Meu pouco conhecimento sobre Jung, Freud e James Allan Hobson, não me permite aprofundamento nas simbologias primordiais, desejos reprimidos ou situar esses momentos oníricos como meros subprodutos da atividade cerebral durante a noite.
Acho mesmo, que sonho pode ser qualquer uma dessas definições ou nenhuma delas.
Por outro lado, não creio em oniromancia, embora como toda pessoa criada na religião judaico - cristã, sempre desconfio de algo sobrenatural em coisas que não entendo.
Opiniões, arquétipos e ciência de lado, eu quero, como qualquer humano acanhado, contar o que sonhei. Todo mundo gosta de contar o que sonhou na noite passada, eu também.
Mas, meus caros, estou fazendo rodeios demais. Vamos ao sonho, que já não me parece, assim, tão interessante aos ouvidos e olhos de algumas pessoas espertas. 
Tenham paciência e me ouçam, ou melhor, me leiam ou... Vamos em frente.


Gosta de animais?
Eu amo. Acho que por isso sonhei.


Sonhei que estava em um lindo lugar. Lugar cheio de uma luz, quase dourada se não fosse a intensidade da mesma. E, apesar da claridade, essa luz não machucava as retinas, ao contrário, acalmava.
Ouvi uma tropelia ao longe, muito longe. Fiquei receosa. Entremeio às, inacreditáveis e impossíveis brumas de luz, foi aparecendo muitos animais de variadas espécies de todas os biomas do globo terrestre. Girafas, coelhos, pássaros, ursos, como também cachorros, marsupiais, peixes abissais, répteis etc etc etc etc
Uma alegria imensa invadiu meu corpo astral, pois o de carne estava adormecido, confortavelmente, em minha cama ( não esqueçam que, relato um sonho). 
Este corpo astral ou imaginário ou projetado ou sei lá o quê, como eu disse, foi invadido por uma alegria imensa em poder ver muitos animais reunidos, mas algo me deixava melancólica, não uma simples melancolia, mas uma dor de tristeza profunda, tão profunda que atingiu meu cérebro e corpo mesmo após o despertar.

No entanto, o sonho continuou.

Um rebanho de bovinos vinha vagarosamente, em silêncio, de cabeça baixa, estafados. 
A beleza inicial provocada pela quantidade de animais, em um mesmo lugar, foi se transformando em uma escuridão avermelhada de horror. 
Ursos negros extravasavam dor e bílis. Cobras esmagadas, abelhas caindo e desaparecendo, pássaros silenciosos, leões sem juba nem dignidade, gatos esfacelados, cães de olhos úmidos e humildes andavam em silêncio sem fixar em nenhum humano presente para não despertar a dor da culpa.
Animais em pedaços, aniquilados, esfomeados, torturados. Elefantes atormentados e macacos apáticos. Ratinhos brancos dopados, aves depenadas e um desfile inominável de animais sofridos e vilipendiados.
Mas, os bovinos não paravam de chegar, não paravam.
Diante da dor que sentia naquele instante e que ainda reflete dentro de mim, eu urrei feito um animal desesperado. Senti as dores de cada um deles e prostrei desalentada, decepcionada, vencida.
Luta inglória, luta inútil, luta quase derrotada. 


Acordei e não aceitei ter acordado. 

Queria sonhar e ver que aquilo era apenas uma mentira. Tentei sorrir e quis dizer em voz alta - isso não existe! - mas o nó na garganta travou as cordas vocais. Tentei levantar a cabeça e sentir a coroa de dono do mundo, mas ela já não estava mais lá.
Solucei. Engoli. Prometi amor e fidelidade, mas não prometi vitória. 

Em estupor, calei - me.

"Olho para o lado e vejo muitos sonhadores de olhos arregalados na tentativa de deter o holocausto e, em seus rostos, sinto a dor, a esperança desesperada, a continuação no embate honroso de uma luta infinda e inglória, tal qual a tentativa vã de preservar gelo no deserto.Uma indagação ressoa em minha mente desperta - até quando os possuidores deste pequeno ponto no Universo irão permanecer cegos e frios, cometendo tanta crueldade? Eles não são nossos escravos. Eles já estavam aqui, antes mesmo dos primeiros homo sapiens rangerem seus dentes." 

ELES TAMBÉM SÃO DONOS DA TERRA.   

fotografia de Emma Powell

Pessoas INTENSAS em ajudar?

O problema ao pedir ajuda é se deparar com pessoas "intensas" em ajudar. Pessoas que, imediatamente,  querem mudar sua vida, seus padrões e te doutrinar para ser exatamente como elas.
Com tanto empenho e intensidade na ajuda, elas parecem querer  te empurrar para um canto de sua alma e ocupar o centro de sua vida.
O que mais desejam é mostrar o quanto você está sendo pequena e incompetente e o quanto elas são mais "santas" que você.
Ajuda e tortura. Com uma mão elas te alimentam, com a outra, te desnutrem.
O calvário do carecente, recebedor da ajuda intensa, é tão grande quanto a necessidade de assistência.
Nesta condição, o preço a ser pago ao benfeitor parece alto demais. 


SEMPRE É NOITE NOS CONTOS TRISTES DE TERROR.

Sempre é noite nos contos tristes de terror.
Não é dia no abismo ao qual fomos lançados, impiedosamente. Nunca é dia quando imploramos por socorro.
 É noite. Sempre noite. E escura.


  

QUEM NÃO SE ENTRISTECE?

Tantos motivos para se entristecer...
Desde os mais comezinhos até os trágicos.
A tristeza pura e sem motivos da depressão profunda.
Melancolia, apatia, saudades, dores morais, dores físicas.
Por tudo isso, se entristecem, os humanos.
Tantos motivos...
Uma música adoece os sentimentos e jorram lágrimas.
A conscientização de um erro irreparável.
A dificuldade em mudar um hábito.
A vontade intensa que não se realiza.
O inútil olhar para trás, o balançar desanimado da cabeça, a aceitação inevitável.
Tantos motivos...
O olhar de cão abandonado. O olhar de seu cão velhinho.
O destino dos animais...
Todos entristecem. O mundo é triste. Sempre foi.
Muitos foram tristes. Marylin, Hayworth, Virginia Wolf, Sartre, Nietzsche, Casimiro de Abreu...
E por sermos tristes, buscamos a alegria.



Esperança e Desesperança.

NA ESPERANÇA 
EU VEJO UM MUNDO PLENO, PESSOAS BOAS, ANIMAIS SENDO AMADOS,
CÃES SORRINDO,
GATOS E SUAS MÃOZINHAS IRREQUIETAS.
SELVA CHEIA DE ANIMAIS.

Nenhum cadáver animal a ser devorado pela civilização civilizada.





NA DESESPERANÇA.
Chego a idealizar um mundo sem nenhum animal para cantar, encantar e nem se transformar em alimentos. 
Um mundo morto, com tudo morto, menos o homem e seus descendentes que não mais irão torturar, explorar, comer, testar, desmatar. 
Nada mais para destruir, a não ser ao próprio homem e seus filhos.


NA ESPERANÇA 
Nós, "os loucos", Aqueles que esperam e esperam e, dificilmente alcançam seus sonhos de Paz, desejamos um futuro perfeito aos filhos dos homens e mulheres do Planeta Terra.



NA DESESPERANÇA
Não desejamos isso, mas tememos que muitos homens lutem e herdem o seco e cruel fruto de seu desamor pelos seus herdeiros, pelos animais e pelo seu berço na Terra.

O homem é o único ser vivo, cuja extinção beneficiaria o planeta.




A história de um homem de deus

Em meio a um vendaval, o homem sorria desesperado, mais pela angústia do que por medo dos raios, ventos e trovoadas. Gritava, gargalhava e foi sendo abafado pelo troar ameaçador pré anunciado pelo riscos de luz.
A chuva punia seu rosto como se atirasse pequenas facas afiadas a cortar sua pele e pálpebras.
Quase cego, tateando no lamaçal, com os músculos estriados e doloridos, tentou erguer suaa cabeça; os pingos da chuva engrossaram, obrigando - o a olhar para o chão.
Estremeceu!
No lodaçal, ao qual, tinha se arremessado, mãos invisíveis forçavam-no a genuflexão. Com a perna esquerda ainda não dobrada, tentava se reerguer, mas suas dores recrudesciam a cada tentativa de manter - se ereto.
Andava se arrastando por horas infinitas, talvez meses ou anos. Não desistia, apesar do extremo cansaço.
Suas forças eram, apenas, fiapos de energia se apagando.
Melhor seria estar morto.
Porém continuava a roçar seu corpo nu na estrada lodosa. Muita vezes, imergia naquele barro e o engolia a contragosto. Erguia a cabeça e vomitava o lodo.
Acordou ensopado de suor. Era, apenas, um pesadelo. Apenas?! Não, não era apenas um, era o pesadelo que se repetia há anos e, do qual, não conseguia libertar-se. Terapia, oração, nada funcionava. Bastava adormecer ou tirar um breve cochilo que o vendaval ensurdecedor e o lodo vinham visitar sua mente.
Olhou a rua lá embaixo. Tudo tranquilo, ainda faltava meia hora.
O pior de seu trabalho era a espera, mas ele estava acostumado. Em seu negócio não podia perder o foco e tinha de ser muito organizado. Há menos de um mês atrás estava no Nordeste e a espera, embaixo do sol, deixou - lhe queimaduras no rosto e nos braços. Foi tolo, não tinha comprado protetor solar. Mas, hoje, em São Paulo, antes de vir para o seu posto, comprou um protetor solar 50.
E o pesadelo? Precisava acabar com isso. Não podia mais viver dessa forma, sendo assombrado enquanto dormia.
- Ninguém merece! Vou orar com mais fervor, ainda. Colocar meus joelhos no chão e suplicar. À noite, irei na igreja. Decidiu.

Avistou o adolescente subindo a rua, exatamente, na hora que ele costumava voltar da escola. Há algumas semanas, vinha observando o filho do advogado.

- É. É o tal Diogo, mesmo.

Mirou e atirou. Na cabeça. Perfeito!
Guardou a arma e saiu andando, calmamente. Passou perto do cadáver, como se fosse apenas um transeunte e não o assassino de aluguel.

- Não sei por que as pessoas gostam tanto de matar os outros. Olha esse menino! O que ele pode ter feito de errado? Aquele que vem correndo ali será o pai? É. É o pai sim. A coitada da mãe desmaiou na porta da casa.

Pegou o celular e tirou uma foto do cadáver e enviou para o cliente. Apreciou a precisão de seu tiro. Um único tiro e páh! Nunca errara.
- Espera aí! Errei uma única vez. Foi em Minas Gerais. a desgraçada virou a cabeça na hora que apertei o gatilho. Que raiva! Só por isso, arranquei minha faca e retalhei a moça. Aí me deu aquela vontade... Deus me perdoe, mas nunca pensei que fosse gozar tanto com um cadáver. Numa próxima vez, no meio de um mato, se pintar a oportunidade vou aproveitar. 

Chegou no hotel, pegou a bíblia, olhou para a cama, balançou a cabeça.
- Eu não mereço isso! Por que meu Deus, esse pesadelo?  Ninguém merece ter pesadelos assim.



O sabor amargo de si.


A saudades de um tempo que não volta e o desespero de não poder prevalecer a vontade de mudar o passado, transforma muita gente em amargurado ou invejoso de uma juventude encerrada e trancafiada num baú encima de um armário, pavorosamente, alto.

Outros, não são tão estreitos emocionalmente e conseguem largar o que já não volta. Acrescentam o passado ao altar sagrado às suas almas, respeitam a alegria e cada lágrima que os transformaram em seres únicos e singulares. Esses são sábios, sensíveis, irreverentes e alegres, podem ser, inteligentemente irônicos, maravilhosamente ácidos, mas jamais amargurados e nunca invejosos, não enxergam motivos para invejar.

Voltando aos primeiros, - os tristes e macambúzios - aos inconformados com a rolança do Tempo, como dizia Mário Lago. Eles antecipam o estágio purgatorial em seu viver e no viver alheio.
Travestem - se de críticos sem espírito, de agressivos covardes, irônicos emburrecidos e um monte de energia é desperdiçada, dispersa e inutilizada. Sofrem e suam em vão. Morrerão no Nada resmungável do fraco, imbuídos de cobiça e arrogando - se juízes dos desejos alheios, julgadores implacáveis do pensamento livre, mas, especialmente maldizendo e abominando o sexo dos outros. São regradores dos atos sexuais "indecentes" segundo suas máximas detestáveis, enfim, reivindicam o mórbido posto de fiscal de genitais e penetrações alheias.

Triste gente que viveu sem ter vivido. Morrem sem viver. Apodrecem em vida. Dejetos orgânicos a serem esquecidos imediatamente após o féretro.

Gonzaguinha mostrou o caminho: viver e não ter a vergonha de ser feliz. 
O que acrescentar a esse verso? 
... Cantar e cantar e cantar na beleza de ser um ETERNO aprendiz. 



Homem saboreando a parte mais amarga de si 
de Susano Correia

Melancolia na madrugada seca.


Por que estou acordada nessa madrugada seca?

Por que essa melancolia?

Ha séculos que nao me sinto assim!

Estou com 6 anos e esperando minha mae vir me acordar, dizendo:
- Calma filha, foi so um pesadelo.

                                     Agora que mais preciso, que tenho tanto medo, ela não vem. 

Esse tal Funk Ostentação...

Vejo alguns jovens da periferia desesperados em busca de um lugar ao Sol.
Só quem morou ou trabalhou com esses meninos e meninas excluídos da Educação de Qualidade e, consequente, exclusão de  oportunidade no meio corporativo ou acadêmico, além da condenação à fome, consegue entender o quanto eles são verdadeiros heróis. Meio tortos é verdade, porém esse é o jeito de lutarem contra o mundo que os querem enterrar, então, se não é possível andar na yellow brick road, eles constroem atalhos, a duras penas. Passarinhos que não sabem cantar, mas emitem seus gorjeios estranhos e vencem, de forma impressionante. Os gorgeios também são bonitos, originais, espontâneos.
Esses pequenos humanos e humanas não possuem orientação, provavelmente ninguém letrado anda ao lado deles, ou quem sabe, os letrados somente andam junto para os explorar quando fazem sucesso com seus funks de gosto duvidoso (segundo a elite, mas, cujas festas bombam os tais funks) e retorno monetário certo.
Excluídos pelo nascimento, sentem necessidade de empoderamento, na forma de OSTENTAÇÃO. 
São apenas vítimas de uma sociedade cruel e desigual, lutando com garra, muita garra, às vezes bem afiadas e derramando sangue de suas almas, debochando de uma sociedade que os despreza, mas que os imita no linguajar, modos, trajes etc.
Talvez eles pudessem almejar algo mais valoroso como alguns (pouquíssimos) outros fizeram e venceram, talvez, não sei, nem todo mundo é igual. Esses gostam de música, da música da periferia, que esta ganhando o mundo.
Em 2014, o Douglas,  DG o dançarino do ESQUENTA,  tinha uma mãe valorosa e, também, teve uma excelente oportunidade e apoio de gente importante. O futuro lhe sorria, mas aí a crueldade de seu local de nascimento carregado de descaso e preconceito enviou uma bala em suas costas e ele terminou ali num buraco de onde alguns acham que ele nunca deveria ter saído.
O futuro pode ser muito curto, e o que vale é a sobrevivência, com o produto de suas mentes e de sua cultura de comunidade.
E o que fazer?
Falar mal daqueles que ousam ostentar com a pequena e atrevida cabeça escapando do buraco onde foram relegados pela sociedade e, onde quase vivem?

É como querer culpar as crianças da comunidade por serem alvejadas por balas perdidas.

.... Não sou religiosa, mas recordo Madalena e o
homem de cabelos compridos e sua fala sobre a primeira pedra....


SOMENTE PARA QUEM AMA CÃES.

É fácil amar quando tudo está bem.

É fácil amar filhotinhos alegres, sapecas, tolinhos, estabanados...
É fácil amar nossos parceiros caninos quando eles estão em plena juventude, pujantes, risonhos, serelepes, correndo e perturbando outros cães no parque e passando por cima  (eu sempre acho que fazem de propósito) de cães menores.
É fácil amar quando se lambuzam na lama e nós queremos esgana -los e, segundos depois, caímos na risada e os chamamos de safados!
É fácil, muito fácil amar aquele olhar maroto, divertido, pesquisador e, principalmente aquele olhar indefinido, ao qual dei o nome de "olhar de Ué". 

É fácil amar quando chegamos em casa e eles fazem aquela bagunça toda que nos aflige por causa dos vizinhos, mas que nos aquece o coração e imediatamente, olhamos suas carinhas lambidas que nos diz: fiz coisa errada, mas não fui eu. Basta procurar e encontramos um xixi na porta do quarto, o papel higiênico desenrolado ou mesmo o saco de lixo estraçalhado. Ficamos nervosos, por um segundo e ao nos voltarmos, severamente, para aquele safado, vemos sua expressão safadíssima de:
To perdoado, né? 
Sou tão bonzinho. 
Senti sua falta, 
olha meu rabinho no meio das pernas, 
minha carinha de coitadinho de olhos alegres, 
e, a vitória final: 
Pode coçar minhas tetas, eu deixo.
É fácil amar esses anjos de amor e alegria.

Mas, eles envelhecem, ficam doentinhos, fedidinhos, cheios de tumores, pêlos caindo, olhos esbranquiçados, surdinhos, perdem a safadeza,
perdem o brilho...,
o latido de tão fraquinho nem perturba mais o vizinho.
Tentam andar e cai a bundinha, 
tentam correr e não saem do lugar,
a gente vê que a vida ainda está lá dentro deles quando chegamos, mas apenas o rabinho se mexe,
o olhar de Ué já se foi há muito tempo,
andam batendo a cabeça,
escorrendo xixi pelas pernas. 
então ... Eles envelhecem e é aí que o amor se torna mais forte dentro da gente. 
Olhamos em seus olhinhos cegos e remelentos e juramos com um amor tão grande que nem cabe em nossos corações que iremos ama - los eternamente, eternamente. 

Independente de religião, sabemos que eles estarão lá, no Lugar que todos nós iremos aportar no dia que chega para todos. 

Quando, à noite, agarrados em nosso travesseiro, soluçando baixinho, garganta travada, choramos a partida de nosso amiguinho, lembramos que tem outros anjinhos sofrendo nas ruas, em mãos cruéis, perdidos, envelhecendo e sendo abandonados sem dó, enxugamos as lágrimas e em nome de nosso amor pelo focinho frio e pêlos espalhados pela casa daquele que se foi, juramos mais uma vez, que por tanto amor compartilhado, prosseguiremos e, no dia seguinte, trazemos outro animal para "perturbar" e alegrar nossa vida. 

JAMAIS ESQUECEREMOS OS QUE SE FORAM E EM NOME DELES SEGUIREMOS RECOLHENDO SEUS IRMÃOS SOFRIDOS PORQUE
NÓS AMAMOS OS CÃES.

 Em memória de Ariel, Pitchula

Vocês três foram embora rápido demais, minhas meninas.

Dominique escolheu adotar Ariel, mas Ariel escolheu me adotar e eu escolhi adotar Jasmine, mas Jasmine escolheu adotar Dominique.
Escolhemos adotar Pitchula, mas ela nos adotou.

E, vivíamos felizes.

 jamais as esqueceremos.

Pitchula viveu muitos anos conosco.

Ariel e Jasmine foram resgatadas juntas e quase juntas se foram.

AMOR ETERNO

  
ATÉ BREVE ARIEL

ATÉ BREVE JASMINE.

ATÉ BREVE PITCHULA.

MEDO DO INFINITO?


O HOMEM E O MEDO DO INFINITO 




Não há maior consolação para a mediocridade do que o fato de o gênio não ser imortal-- Goethe

Há pessoas que criticam tudo - assim, não enxergam os próprios defeitos.
Há gente que debocha de tudo - agindo assim, eles riem tolamente de seu vazio íntimo.
Há àqueles que se irritam com tudo - dessa forma, demonstram como se odeiam.

Há muitos infelizes, mal - amados, traumatizados, amedrontados, que preferem projetar seus próprios defeitos nos outros, como uma maneira de minimizar a prepotência de se sentir um semideus, sabendo que não passa apenas de um reles mortal.
A ideia de transitoriedade - todos morrem - deve arder na alma desses pretensos semideuses, donos daquilo que acham que é verdade.
Talvez, o fato de parecer que estamos sozinhos na imensidão das galáxias amedronte consciente e subconscientemente essas pessoas, que não querem aceitar a insignificância da vida diante dos Cosmos.
Talvez, muitos se achem abandonados pelo Universo.
Infelizmente, o fato é que o Universo é indiferente ao destino dos seres humanos. Todos nós poderíamos ser Einstein ou Hawking e decifra - lo, mas, mesmo se assim fosse, seríamos devorados por ele. Estamos inertes, mediocrizados diante do Infinito. E, até esse nosso pequeno sol, de quinta grandeza, continuará brilhando após a morte de quem amamos ou odiamos e brilhará após nossa morte - frieza do Sol e apatia do Universo. - E no último ocaso, ninguém irá aplaudir. A platéia do Sol de Ipanema já não existirá.
Muitos apegam - se, fanaticamente, a uma religião criada por eles mesmos, na vã tentativa de estancar o abismo interno, e, iniciam uma trajetória de guerra contra tudo e todos. Se eu morro, você morre. Se eu sofro, você sofre.
Medo, apenas medo de encarar a transitoriedade, a brevidade e o imenso e amedrontador Nada.
E, apesar desse medo infinito, nada poderá impedir a morte de todos os choros e sorrisos. 
Mas... 
O que é difícil compreender é que neste nosso ínfimo planeta, podemos encontrar alguns humanos que conseguiram superar a sua exiguidade, que veem felicidade verdadeira nesse Caos, inclusive, há muitos destemidos que amam de verdade.


ACEITEM
O Vida é sofrimento em busca de felicidade.






AOS QUE INSISTEM EM PERGUNTAR SE DOMINIQUE É HOMEM OU MULHER!

 Sei lá por que tanta gente se interessa em saber se Dominique é homem ou mulher.
Ficam me perguntando...
Perguntem para ela!

Tanta coisa para se falar de Dominique...
Uma pessoa inteligente, engraçada, bom caráter. Tranquila e simpática como eu nunca fui.
Quem a conhece sabe de sua gentileza, personalidade firme e facilidade de se relacionar.
Ponderada e madura. 
Já passou por algumas tragédias, mas NUNCA perdeu a alegria.
É uma pessoa corajosa e é meu maior apoio.

E, se ela fosse ELE!?
E, se ela fosse hermafrodita!?
e, se ela fosse travesti!?
E daí?
Cada uma... Só rindo.

Não vou responder essa questão.
Não tenho preconceito nesse quesito.
Não me importaria se fosse ou não fosse.
Amaria um filho ou filha independente de cor, raça ou sexo.

Outra coisa, o nome dela é Dominique Brand e não Dominique Puzzi. 
E, ela se diverte com essa besteirada toda.









DESABAFO TERRÍVEL DA CÁTIA PEDROSA.


Não sei a veracidade desse desabafo da Cátia, mas olhando a pagina dela do FB, a situação parece ser real.
Não creio que a Cátia brincaria com algo tão sério.
Quem souber alguma notícia dela, me avise por favor!


"QUEM VOS ESCREVE É CATIA PEDROSA. ESTOU SOLIDARIA A VOCÊ E CERTAMENTE CORRENDO O MESMO RISCO... DE SER BANIDA DO FACEBOOK... MAS VOU DAR-TE UM BREVE RELATO DO QUE VEM OCORRENDO, SE É QUE ISTO VAI TE CONFORTAR... EM OUTUBRO 2010, FUI ACOMETIDA POR UMA DOENÇA CHAMADA SÍNDROME DO PANICO, DEPRESSÃO DE ULTIMO GRAU... QUE RESULTOU NUMA ANOREXIA NERVOSA... OS QUE ME CERCAVAM CHEGARAM A PENSAR QUE EU TINHA "AIDS" , CHEGUEI AOS 40 KILOS COM 1.72 DE ALTURA...

SE VC VISITAR MINHA PAGINA CERTAMENTE, IRÁ IMAGINAR QUE ATRAVÉS DAS FOTOS E DO QUE POSTEI EM MEU PERFIL, SOU OU ESTOU MUITO BEM... VOLTEI PRO RIO DE JANEIRO, ONDE RESIDE TODA MINHA FAMÍLIA A PEDIDO DE UMA GRANDE AMIGA ROSE SAAD, QUE RELATOU AO MEU IRMÃO , EM QUE O MESMO DETÉM HOJE UMA DAS MAIORES EMPRESAS DE TELEMARKETING CHAMADA GESTÃO 24 HORAS. ELE PRONTAMENTE, ATENDEU A REIVINDICAÇÃO DE MINHA AMIGA... E ME TRANSFERIO PRO RIO DE JANEIRO SOB UMA CONDIÇÃO.... ELE ME DARIA UM RESPALDO FINANCEIRO DE UM SALÁRIO MINIMO POR MÊS POR UM ANO... ACEITEI AS CONDIÇÕES POR ESTAR SENDO DESPEJADA DO APÊ QUE MORAVA EM ALPHAVILLE... NA ÉPOCA , FUI COLOCADA NUMA DAS CASAS DE HERANÇA DO MEU AVÓ... MEU ESTADO CIVIL É SOLTEIRA!!!!! SOU ADVOGADA POR FORMAÇÃO, MAS, DEVIDO AO PROBLEMA DE SAÚDE NÃO CONTINUEI A EXERCER MINHA PROFISSÃO... CHEGANDO AQUI SENDO FILHA DE MILITAR, DE UM SENHOR QUE RECEBE, $ 8.000,00 POR MÊS, APENAS E TÃO SOMENTE RECEBIA UM SUPERMERCADO POR MÊS NO VALOR DE $ 250,00... E AS CONTAS FIXAS PAGAS. MAS, EU CONTAVA COM O EMPENHO DELE EM REIVINDICAR O TRATAMENTO DE SAÚDE CONCEDIDO PELO EXERCITO PARA SANAR O PROBLEMA ORA MENCIONADO. PRA MEU ESPANTO, FUI EXCLUÍDA POR MOTIVOS QUE DESCONHEÇO DO FUSEX ( PLANO DE SAÚDE CONCEDIDO) POR LEI AS FILHAS SOLTEIRAS MAIORES DE 24 ANOS... EM SÍNTESE,NÃO PUDE OBTER O TRATAMENTO INERENTE AO MEU QUADRO DEPLORÁVEL... EM SUMA, JÁ SE PASSARAM 4 ANOS VIVO SOB O TETO DEIXADO POR MEU AVÓ, EM EXTREMA MISÉRIA!!!!! E PRA PIORAR HOJE TENHO UM CÂNCER NO ABDOMEM QUE ME LEVOU AOS 100 KILOS, EM VIRTUDE DISSO, MEU FILHO ME CONCEDEU UMA ASSISTÊNCIA MÉDICA HÁ SEIS MESES ATRAS... DE OUTUBRO PRA CÁ DEVIDO Á FOME QUE PASSO QUASE FREQUENTEMENTE... MESMO RECEBENDO VEZ EM QUANDO UMA REFEIÇÃO DE UM VIZINHO QUE ATENDEM MINHA SOLICITAÇÃO QUANDO EU CHEGO AO CÚMULO DA FRAQUEZA... NÃO TENHO RENDA ALGUMA, E OS REMÉDIOS OU SÃO CONSEGUIDOS POR HOSPITAIS PÚBLICOS, DE PÉSSIMO ATENDIMENTO OU PELOS POUCOS CONTATOS QUE AQUI NO RIO MANTENHO... NA IMPOSSIBILIDADE DE FREQUENTAR OS CONSULTÓRIOS CEDIDOS PELA ASSISTÊNCIA MÉDICA POR FALTA DE DINHEIRO PARA TAL... EM NOVEMBRO, PEGUEI UMA PNEUMONIA GRAVE... QUE SANEI NA MARRA... E NA FÉ!!!! E AGORA NO PENÚLTIMO SÁBADO... PEGUEI DENGUE, SEM CONTAR OS QUADROS HEMORRÁGICOS QUE VENHO TENDO EM FUNÇÃO DA MENOPAUSA... ESTOU ACAMADA DESDE OUTUBRO, MINHA CASA ESTA EM COMPLETO ABANDONO... POR NÃO TER FORÇAS, NEM PRODUTOS ADEQUADOS PARA MANTE-LA HIGIÊNICA O BASTANTE PARA TER O MINIMO DE CONFORTO... POIS, SÓ CONSIGO LEVANTAR PRA IR AO TOALET, OU PEGAR O PRATO DE COMIDA QUE PEDI A ALGUM VIZINHO, QUANDO CHEGO AO EXTREMO DA DOR... HOJE, TOMEI UMA DECISÃO... PEDI SOCORRO A 3 APRESENTADORES DE MUITA AUDIÊNCIA AQUI NO RIO DE JANEIRO, POR CARTA,POR TELEFONE ETC E NÃO OBTIVE EXITO COM NINGUÉM... OS MEUS, VÃO FICAR SABENDO, EMBORA ESTEJÃO TÃO PERTO ATRAVÉS DESTE RELATO... MAS EU NÃO VOU CONTINUAR MORRENDO A MINGUÁ... SE UM DIA A MINHA FAMA!!!!! SERVIU PARA CUSTEAR AS BENECES DE MUITA GENTE, VOU ME UTILIZAR DESTE PRETEXTO PARA PUBLICAR MINHAS ATUAIS CIRCUNSTÂNCIAS... EU POSSO ATÉ VIR A FALECER... SEJA POR MORTE NATURAL OU POR MORTE ENCOMENDADA... MAS, VOU GRITAR PRO MUNDO INTEIRO OUVIR QUE TER SIDO IMPORTANTE UM DIA, NÃO SIGNIFICA MORRER SEM UM PINGO DE FALTA DIGNIDADE... REITERO, É POR TAIS MOTIVOS QUE NÃO TEM UMA FOTO RECENTE MINHA... E JÁ NÃO AGUENTO MAIS TANTO SILENCIO, HUMILHAÇÃO, DESCASO... ESTE, SERÁ ENVIADO A TODOS OS JORNAIS CARIOCAS, BEM COMO OUTROS PROGRAMAS DE TELEVISÃO E SITES DE FOFOCAS... ATÉ PRO PREFEITO SE FOR PRECISO... EU NÃO VOU CONTINUAR COMENDO MEUS PRÓPRIOS DENTES, DOS QUAIS SÓ ME RESTARAM OS DA FRENTE... PRA SER NOTICIA PÓSTUMA... AOS 49 ANOS DE IDADE... ESTE É
MEU DESABAFO... CATIA PEDROSA"