Dom Quixote e Zaratustra


Não sou romântica, consequentemente não sou sentimental ou por não ser sentimental, não sou romântica.
Meu signo é Touro, mas não acredito em signos. E, isso não tem relevância nenhuma nem relação com o texto abaixo. 




DOM QUIXOTE E ZARATUSTRA
Tão diferentes, tão iguais. 
(É só minha opinião e nem é importante).

A Realidade mais clara e cruel, bem ao estilo Nietzsche, me satisfaz quase como uma refeição pesada, mas saborosa. 
Dom Quixote é a sobremesa amarga que vem em compotas adocicadas, fingidas de açucares e cores.

Meus olhos pequenos se apertam mais ainda quando vejo sonhadores errantes. - Dom Quixote é o mais fantástico sonhador que me toca a alma, pois ele era corajoso, mas temerário. Sonhou o impossível e acreditou mais na Quimera do que em seu oposto. No entanto, Dom Quixote me diverte com suas buscas ensandecidas por um Rumo, um Motivo (Exatamente como eu).

Humano, Dom Quixote é demasiadamente humano. 

Ah, mas Zaratustra é apaixonante.

Zaratustra é língua de fogo devorando os insensatos.

São dois sonhos febris, o sonho de Quixote e o de Zaratustra.

 O primeiro me encanta e eu o sigo em sua alucinante viagem do
 nada para o nada, exatamente como a mundanidade. 

O segundo me toma pelos cabelos e beija minha boca, me conquista na marra. 
Eu queria ter sido Lou Salomé. 
Queria ver de perto o louco mais são que já andou por este planeta. 

Eu queria ter sido Sancho e viajado com o sonhador mais realista que navegou pelas terras espanholas do mundo.

Detesto minhas filosofices.

Vida Estúpida.


Quem nunca se sentiu à parte da vida? 

Quem, algum dia, não sentiu vontade de voltar para algum lugar não se sabe aonde? 

Um sentimento de orfandade, de exilado, costuma invadir nossas horas noturnas, quando, 
sem razão ou com razão, 
divagamos, 
soturnamente, nos meandros de nossas mentes. 

A frieza de um apartamento, às escuras. 

(Lá fora) 
Todos dormem, menos você. 
Todos sorriem. 
Todos estão confortáveis, muitos tomam cerveja, menos você.
Menos você.

Nada parece real. Somente seu pensamento melancólico é real. 

Maldade de nossa mente. 
Por que lutamos tanto, contra nós mesmos? 
Por que gostamos, tanto, de sofrer?  
Às vezes, parece que temos um predador cruel que nos ataca de dentro pra fora, fazendo um inferno em nossas vidas. Esse predador ruge alto dentro de nossa cabeça e, então, rugimos com quem amamos ou com o primeiro infeliz que cruzar nossa frente. Esse inimigo tira de nossas mãos a direção de nossa vida. E, magoamos quem nos quer bem.   
E fechamos portas, estupidamente. 

Fazemos merda, muita merda. Merda é o termo mais usado neste novo milênio, milênio que já tem + de 20 anos. 

Desgostar significa deixar de gostar. E, percebemos, que não nos gostamos, nós, muitas vezes nos desgostamos e nem percebemos. 

Sempre achamos um futuro que nos trará alegria e sucesso, então, andamos, olhando para esse futuro, mas existe somente o presente e o presente é feito água, sem cor. Sem Sabor. 
Desprezamos,
desgostamos do que é insípido e incolor.

Voltando à merda. Por que esse é o termo e emoji tão usado no presente?
Porque achamos o presente uma merda?
Por que não somos felizes?
Alguém sabe a resposta? Eu vou dizer:
- eu também não sei.
Não há uma resposta. 
Sei que há uma vida a ser vivida, mas que raio significa vida a ser vivida? Como podemos viver uma vida e, ao mesmo tempo, manter a alegria? Eu não sei. Não sou coach, nem mestre zen-budista, nem conselheira e nem influencer. Não sou nem otimista. Eu gosto de rock. Rock clássico, mas isso não significa nada. Só que tenho bom gosto musical... pelo menos, pra mim. 

Que vida é essa que tem de ser vivida? Se todo dia é congestionamento, vizinho, síndico, morte de nossos ídolos, maus-tratos de animais, Datena na TV, esmalte que borra, coceira no saco... A vida, a vida... 
A vida onde não há vida. 

E pra encerrar, vou dizer que não tenho nada bombástico pra concluir, nem positivo e nem nada que mude sua vida após ler isso aqui.

Alguém aceita um copo d’agua?

Tortura, dor e pesos.


quadro "Cais da Barca" do pintor Caru.


A barca parada no caís aguarda nosso embarque. Alguns não embarcarão, preferem o conforto da pescaria.
Outros, anseiam.
 
Quando um esperto ledor de tarot ou coisas semelhantes, deseja conquistar e adquirir a confiança do outro, imediatamente, ele diz: você já sofreu muito na vida! Esse bordão arrebenta dores represadas do passado e ao invés do tarólogo, advinho, bispo ou sei lá mais quem, falar sobre suas adversidades, as sua lágrimas irão caindo enquanto diz - Sim, sou uma vítima desde a infância disso ou daquilo...

ISSO É CHATO!

Você é chato e se deixa manipular em seus sentimentos, enchendo o ouvido do esperto à sua frente e pagando pela consulta, trabalho, oração e dízimos.
Não alegue que a culpa é do outro! A culpa sempre, mesmo se for culpa do outro, é sua.  
Não deixe de carregar a mala pesada e inútil da culpa.

Se você é feliz desse jeito, sendo infeliz,
pois viva bem, é comôdo.
 
Um dia, 
a vida severa, 
vem 
e abre 
as páginas 
do livro 
de sua vida e você não mais se sentirá culpado, mas, responsável. 
É muito mais profícuo ser responsável do que franzir as sobrancelhas, decair os lábios e chorar injustiça do outro, do mundo, de todo o mundo. 

A natureza e a vida humana são cruas, viscerais, no entanto, se amoldam aos sentimentos de cada um. 

Se quer ter equilibrio, terá. Se quiser sofrer, sofra.
MENTIRA!!!!!!

Tem gente que não tem equilíbrio para não sofrer, 
que não sabe o que é alegria, 
que não consegue ser feliz, 
não consegue, não sabe, não consegue.

TEM GENTE QUE TEM SORTE. Tem aqueles que não tem. 

Como limpar a alma da tortura mental?
Como ser livre de pesos que querem que você carregue. Não se esqueça dos pesos que você nem sabe que existem, nem porquê os carrega.

A vida nunca foi fácil nem justa.


Sobre Fé, influencer, dinheiro e autoajuda



 Livros de autoajuda, em geral, tentam conduzir sua vida para a felicidade plena, saúde plena e realização sexual plena.

Essa plenitude é real? É irreal? 
O que somos, segundo a tal Autoajuda? 
Seres imperfeitos que podem se transformar em seres perfeitos. 
Que bom! Encontraram a fonte da juventude e felicidade eterna!
Vendem o Santo Graal da perfeição. 
Somos tudo que quisermos ser. 
Nossa! 

Basta ser otimista, recitar palavras positivas, sorrir e focar em dinheiro.
Ah, e pagar os cursos que, segundo os coachs ou influencers ou seja lá o nome que inventaram e inventarão, devem e têm de ser caros.
Por quê?
Porquê não há preço alto o suficiente para a compra da Felicidade Eterna aqui na Terra.

(Na Idade Média, entre os anos de 1506 a 1626, durante a construção da Basílica de São Pedro, que acabou originando o Estado do Vaticano, ocorreu uma espécie de Auto Ajuda Espiritual; a venda de indulgências. Por algum dinheiro doado pelos fiés ricos e pobres e paupérrimos, comprava - se o perdão de todos os pecados, remotos ou recentes, e, com um pouco mais de dinheiro, adquiria - se um terreno no céu. Certamente, esse céu era reservado para quem podia dar um lance maior, e, no céu vendido pelos sacerdotes,  não entrava pobres nem miseráveis.)

A fé não deveria ser uma arma, mas é. 
A fé ganha milhões. Compra milhões. Vende milhões. 
And the money kept rolling in from every side, 
já dizia Andrew Loyd Weber, mostrando a fé cega em dinheiro. E, 
mais tarde, Miltom Nascimento e Beto Guedes diriam 
O brilho cego de paixão e fé, faca amolada.

Então, daqui de meu quarto, onde escrevo, ao lado do Dr Sheldon Cooper, meu cão vira lata, ouço uma voz digna de esquizofrenia: heresia! Sem fé não se vive!

- Não discuto com minhas suposições negativas, nem com as positivas, nem com nenhum pensamento invasor. Duvido de meus pensamentos, esqueço deles durante à noite, reflito melhor quando os calo.
Então, se não discuto com meus pensamentos, imagine se iria discutir com os alheios. 
Olho para meu cachorro que dorme sem nenhum peso na consciência.

O pensamento parece uma coisa à toa, mas como a gente voa quando começa a pensar. 
Cantava um triste e lamentoso Lupicínio Rodrigues. Esse voo  singelo lupiciniano  é o voo em busca da felicidade perdida. Melancólico, poético.
Mas, existe um opressor voo do pensamento, que nada tem de poético. É o pensamento repetitivo e incômodo, aquele que vem e vem e nunca vai. Tenta - se esquecer desse pensamento, mas ele volta, volta e repete e repete e quase enlouquece. A Fé pode abafar esse tormentoso e reiterado pensar. Nossas cabeças pensam estar aliviadas, mas é, somente, um desvio de atenção, uma tentativa, eufórica, de felicidade, a inútil busca da mens sana. Se a fé religiosa não responde nem estanca essa enxurrada de pensares e a fim de mostrar um patamar mais alto de sapiência, as hostes recorrem  à auto - ajuda. Correndo atrás de profetas influencers, se lançam em cursos, palestras e colecionam livros comprados nas prateleiras mais altas das livrarias, embora de nichos ao rés do chão de biblioteca e, depois, replicam em frases, supostamente, inteligentes em redes sociais. 

..... Mas, sua vida não muda, a tristeza não sai, a insatisfação cresce, o emprego nem sempre vem. Os sonhos vão se perdendo na rolança do tempo e, no ato final do Teatro Terra, podem ser conformados ou amargurados.... 


Qual a solução?
Eu não sei, mas aceito a vida como uma loucura incompreensível.  E não aceito que a tal Auto Ajuda demente cresça, como um fantasma assustador, dizendo que eu devo pensar em dinheiro na hora de acordar, ne hora de almoçar, na hora de dormir...

Não quero apontar um Jaguar na rua e dizer que é MEU.  Não é meu, é do dono. Nem quero frequentar sessões religiosas onde exijo de Deus o meu quinhãozÃO.

A melhor solução de sua vida não serve pra mim.
A melhor solução da minha vida não serve pra você.
A MELHOR SOLUÇÃO DA VIDA DE OUTROS PODE SER TE ENROLAR.

Não se angustie com tantos "vencedores". Pode ter certeza, eles  não são tão felizes como parecem.

FILOSOFIA DE FILÓSOFOS 
(filósofos filósofos e não qualquer ruminante que pensa ser um.) Pode ajudar e ajuda, sim. 
Mas, pode te despertar e fazer sofrer quando te mostrarem a verdadeira realidade. 

Nietzsche - Uma simples visão de iniciante."Quando se olha muito tempo para um abismo, o abismo olha para você." Friedrich Nietzsche


Nietzsche penetra em mim e eu sinto, mas falta muito para sair do sentido e cavalgar na razão.
Não o compreendo, mas me arrebata. Causa vertigem e ansiedade.
Consigo apenas escrever, de maneira muito simplista.

 "Aquele que luta com monstros deve acautelar-se para não tornar-se também um monstro. Quando se olha muito tempo para um abismo, o abismo olha para você."
     Friedrich Nietzsche


Li tanto Friedrich que me senti tão amiga dele,  que.... resolvi escrever essa crônica, esse conto... essas desprentesiosas palavras escritas, mesmo sabendo que o que ele disse, deve ser algo bem distante do que escrevo, abaixo.Enfim... o blog é meu, os pensamentos são meus e, apenas, amo Nietsche, na distância da rolança dos tempos e de sabedoria.  

ENTREI EM UM MUNDO ESTRANHO.

Na beira do abismo, sempre andei. E, certo dia ou noite, não sei ao certo, eu desafiei e olhei para baixo. 

OLHEI PARA O ABISMO.
Aos poucos, das trevas abissais, foram surgindo dois olhos sem brilho e nem cor. Apenas olhos que me olhavam de volta. Olhos inertes, sem vida, porém, perigosamente, mortais. 
O abismo me olhava de volta e estremeci.
QUEM ME OLHAVA LÁ DE DENTRO?
Era o abismo ou era eu?
Tentei desviar meu olhar para o utópico céu, eternamente azul e perfeito, mas algo se mexeu dentro das profundidades escuras e sibilantes. Tive de retornar as vistas ao poço de breu.
Havia vida no abismo? Sim, havia vida se esvaindo nas profundezas.
Que vida era essa? Era a minha? Era de estranhos? Era, apenas, vida desassossegada, impenetrável e vencida. 
Eram meus olhos sofridos e angustiados inquirindo minhas dúvidas, incertezas e crenças. Era eu mesma que me olhava, que me atraia para o fundo, para a anulação de mim mesma. Era a jovem que fez escolhas, que reprimira seus desejos, sua inteligência e sua vida por ser servil e obediente aos murmúrios externos. Era uma vida escravizada, padronizada. E, das sombras, cresceram monstros e eu os vi, reagi e lutei. Combati os monstros e suas sombras colossais. 
Por muito tempo, fixei minhas vistas no abismo, porém, por pouco tempo lutei contra as sombras de monstros. 
Fiquei inconsciente, o nada me invadiu, despertei com a descrença sutil batendo feito um martelo. Quis subir para o patamar mais alto. Vi a morte do meu passado covarde. Não me amedrontei. 
Sei que o abismo existe e eu existo, mas também não sei. Não me importo e me importo.
Retornei do abismo. Não sei se retornei. Sei que irei retornar. 
Os monstros existem, mas são dissipáveis. 
Eterna luta. Eterno retorno. Eterna vida.


Loucura ou realidade? O que é mais insano? 






O começo do Fim

Li e vi, durante toda minha vida
histórias com fins trágicos, terríveis e melancólicos.
 
A vida é terrível, melancólica e feita de tragédias.
Muitos tentam florear. 

Criam Livros e livros para explicar. 
Inventam Deus e deuses para justificar o fato de estar perdido num ponto minúsculo do Cosmo.

Querem crer porque não possuem fé. Querem ter fé porque não creem.

Avalanche de dores seculares sem resposta, sem explicação.
Seres soltos no ar e presos na lama. 


Evoluir biologicamente é demorado demais, concluem. A mágica da criação e suas grandiosidades
parecem ser muito mais interessante, estimulante e empresta um ar de grandes coisas.

Somos lodo! - Gritam uns.
- Apenas moléculas reunidas - proclamam outros. 
- Somos o centro do Universo - Falam os perigosos ingênuos. 
O eterno embate prossegue com gritos, pedras polidas, machados, flechas, clava, punhais, trabucos, pistolas, fuzis, metralhadoras, bombas, palavras, marketing, políticos, calúnias, internet, fake news ...... 


Eu só quero
ter uma casinha branca de varanda
Um quintal e uma janela
Para ver o sol nascer
Disse o sábio Peninha em 1979.
Acho que ele não achou 
a tal casinha
Nem eu.
Fim
E esse é um trágico, terrível e melancólico final.

Deitada nos campos de morango.

SOMENTE PARA QUEM VIAJOU NOS ANOS 70.

Nothing is real 


Deitei. Fechei os olhos. 
Uma voz suave, mas cortante me chamou.
Abri os olhos.
Um rapaz loiro, com um raio vermelho desenhado no rosto e que eu não via desde 1972, estava em cima de mim. Ele disse:
- There's a starman waiting in the sky.
- Não vamos deixa - lo esperando. Respondi.
Coloquei um vestido curto de piquê com desenho de uma margarida, lenço amarelo na cabeça, tranças no cabelo, óculos grande no rosto e minha bota branca. 
- Ready to go. 
The Starman sorriu, navegamos nas estrelas e ele revelou - me um segredo.
- Let your children lose it.
O raio vermelho de seu olho brilhou e psicodelicamente se transformou no meu mais amado modo de transporte da juventude, the yelow submarine.
- Vamos viajar? Perguntei.
- A Magical Mistery Tour.
Embarcamos no Yellowsub, como eu e minha amiga adolescente o chamávamos.
- Quero ver George. - Pedi.
- First, the King must bless us.
Uma alegria imensa penetrou meu coração quando the yellow submarine navegou nas águas do Tennessee e aportou em Memphis, no jardim da terra cheia de Graça.
E lá estava ele. 
The king. 
Nenhuma palavra foi dita. Fizemos reverência e ele tocou minha alma pedindo para ama - lo com ternura.
Respondi em pensamento - I bless the day I found You.
Fiquei ali uma eternidade.
Mas, the magical mistery tour devia continuar. 
Olhei para o Rei e implorei. - So never leave me lonely. Ele sorriu e me fez lembrar das noites que passamos juntos em meu quarto de adolescente quando ele vinha, pelo rádio, me saudar nas madrugadas solitárias do início de minha vida.
Prosseguimos. 
The bluebird veio nos levar, em suas asas, até os portões de Strawberry fields. 
Um jovem cabeludo, com óculos redondos, usando um chapéu preto passou sorrindo. Meu coração ficou apertado, ia me desequilibrando ao recordar de New York, foi aí que ouvi sua voz cantando. 
All we need is love. 

A sensação de paz e amor voltaram ao meu espírito. 
Descansei nos campos de morangos.
Fechei os olhos e entrei num cinema. Na tela passava algum filme antigo, preto e branco, não sei qual era, mas era muito romântico. Olhei ao meu lado e lá estava o meu mais querido de todos. 
Eu disse - I wanna hold your hand.
Durante séculos, ficamos, lado a lado, tocando cítara e recitando mantras, enquanto a sua guitarra chorava suavemente .
It's wonderful to be here, it's certainly a thrill.
Mas, ouvi sua voz dizendo - Sunrise doesn't last all morning - lágrimas vieram aos meus olhos e seu sorriso me contou - A cloudburst doesn't last all day 
Era chegada a hora de voltar.

Voltei. 

Passei pelo diário desbotado dos meus catorze anos e preenchi mais uma página.





quem não tem olhos, mata. Lucem Ferre


Qual a razão para se dizer feliz?
Em que tipo de mundo vivemos para a consciência dormir tranquila?
Somos parte de uma tribo esquizofrênica. Muitos se arrogam primogênitos de Deus, com sentimentos superiores ao do próprio Pai, donos da razão, do poder e da possessão da foice que ceifa vidas. Dividem territórios, dissipam famílias, corrompem crianças, jogam pais de família pela janela alta do desespero. Como dormir com choros de crianças nos frágeis barcos naufragando nas noites escuras dos mares continentais? Quantos braços enlaçarão a dor das mulheres despetaladas? E, minha cama confortável e indiferente aguarda meu descanso. Deito e demoro a dormir, ando em círculos mentais até de madrugada e a fome cresce, o arrasamento de florestas, a extinção das espécies... Tudo crescendo.
Eu levanto e tomo meu café quente com dores inexplicáveis de vergonha.
Dos píncaros de Nova York até o ínfimo buraco de uma favela, sempre tem a figura sinistra de um destruidor de sorriso; uma sombra nefasta da morte.
Quem tem olhos, vê. Quem não tem olhos, mata.
Não tentem me acordar para a Fé. Ela esta guardada em um cofre de tesouros ou quinquilharias dentro de mim, em algum lugar. Não se turbe vosso coração com a minha pouca fé. Não se incomodem com minhas dúvidas. Pratique, por um pouco, não ser tão importante quanto o primogênito divino, já que você não é e nem eu sou.
Almoço, aflita, com dor num músculo cheio de sangue que, outrora, significava residência do amor, mas, neste momento do tempo, vive apertado, lacerado diante de uma guerra inútil e incoerente entre residentes de um pontinho desprezível no Universo. ESTAMOS EM GUERRA. SEMPRE ESTIVEMOS.
Será que, simplesmente, não era para sermos mais felizes? E se, inexoravelmente, a humanidade continua sua caminhada em direção à morte, não seria melhor amar? Conseguiríamos? Não. Nunca.
Não é provável que sejamos à imagem e semelhança do Criador. De fato, não é possível que sejamos. 
Podemos ser Seus netos, filhos de Seu filho, aquele que Isaías chamava de "estrela da manhã" ou Lucem Ferre ou Heilel ben-shachar. 
Ah, filhos dele, podemos ser. 
É bem provável que sejamos. 
Lucem Ferre, ele sim, deve ser o pai verdadeiro da maioria dos humanos. 
        




À MULHER AMARGURADA.


MULHER AMARGURADA.


Essa é uma categoria bem povoada de mulheres. 
O termo é muito usado, por homens e mulheres, como ofensa cruel, quase brutal contra o sexo feminino.
 A Mulher Amargurada pode ter sido espezinhada pelo pai que nunca compreendeu o universo mágico do Yin e Yang, além de sua super valorizada masculinidade ou por falta de cultura ou falta de amor, mesmo. 

Possivelmente, a Amargurada é filha, neta e  bisneta de mulheres sofridas, incompreendidas e abafadas.
 Silenciosamente, aflitas. 

Obviamente, a Amargurada não teve uma vida fácil, pode ter sido abusada e até mesmo estuprada por amigos da família, parentes ou chefes. Medo de revelar, vergonha e vontade de esquecer geram a escuridão angustiada. 

O abismo das dores escondidas, afiadas, não cicatrizadas.

Castrada em suas ânsias infantis, podada em sua euforia de adolescente e subjugada na juventude. O "não pode" "é feio" "ridícula" "puta" "burra" perturba seus ouvidos como zumbido ininterrupto.
Por certo, a Amargurada não recebeu muito apoio de outras mulheres. 
Não foi compreendida. Ninguém nunca se colocou em seu lugar. Ignoraram suas dores e não aceitaram sua alegria. 

Andou em noites mentais povoadas de pesadelo, de sentimento frustrante ao ver a imagem de mulheres, supostamente mais bem sucedidas, bonitas e felizes. 
Sente um ímpeto em impedir nas outras, aquilo que devoraram nela, no seu passado, no seu futuro e no seu agora. 

Foram tantas dores, tanto absinto que foi obrigada a engolir, que ela nem percebeu a casca, agoniada, encapsulando - a.

Em sua maioria, a Amargurada é descuidada do corpo e critica o corpo alheio. Despreza outras mulheres, levando adiante o desprezo que a perseguiu no passado. 
Uma fuga de si mesma.

Por outro lado, a rosa murcha nega a própria sensibilidade, represa o amor, destrói relacionamentos e costuma se achar uma tola, um ser estranho, um incômodo, um nada. 

Mas...
De repente, do fundo de sua alma, ela ressurge. Ela, sempre, pode ressurgir.

É incrível e prazeroso presenciar o despertar dessas mulheres para sua beleza, exterior e interior, observar quando acendem a pira de seu amor próprio e o clarão iluminado, tal qual um raio, vem revelar sua importância íntima, sua importância no Universo. 
Nesse instante, ela entra em mutação e se transforma numa vencedora, bela, serena e decidida a não se ferir mais, a não ferir, a não permitir que a firam como no passado. Compreende as outras fêmeas, aceita suas alegrias e se torna competente em identificar e compreender a vida de outras iguais. 
Não fica inerte. Age!

Mulher de aço e ouro, forjada no fogo e auto superada no seu amor feminino, na gentileza da Leoa com filhotes e no voo da águia. 
Será vencedora em sua profissão, na parceria do casamento e na sabedoria nos dias de sua velhice.

Nem o homem nem a mulher serão seus inimigos se você, mulher, se tornar amiga intima de você mesma, ter amor pela sua imagem física, moral e espiritual e, ser empática com as suas iguais.


  Serenidade. Decisão. Beleza. 
Amor próprio
FÊMEA E FORTE.

Um livro que desestimula o suicídio e exalta a Vida.


Publiquei mais um romance espiritualista, “Parados na Porta do Céu”, agora com meu nome na capa. 
O meu primeiro romance, nesta categoria, publiquei com pseudônimo, foi muito bem vendido e, inclusive com críticas positivas no meio espiritualista, mas esse livro atual, com meu nome na capa, já recebeu críticas sem, ao menos, as pessoas terem lido. Por que será? Por que os tolos acham que você não pode ser multitarefa?

Nós não somos como as batatas, que nasceram batatas, cresceram batatas e são vendidas na feira como batatas e, todo mundo sabe que é batata. 

Mas, isso é o que muitos querem, que a gente seja um tubérculo.
E sabe qual a razão? Eles são Batatas.
  
Continuando:

Eu escrevo Contos de Terror, crônicas, recordações, livro sobre a cinema e há algum tempo, escrevo livros espiritualistas. 

Se meus escritos são perfeitos ou coerentes, dentro da norma padrão da língua portuguesa, eu não sei dizer. Costumo usar uma linguagem própria, e peço que me perdoem os pecadilhos linguísticos. 
Ademais, creio que o livro corresponde aos ensinamentos da Doutrina Kardecista. Fui espírita durante 40 anos. Não tenho mais nenhuma religião.


Por que alguém perde tempo criticando um livro que ainda nem leu? Por que relacionar meu trabalho de atriz com meus livros? Não sei e não me importo. Continuo escrevendo o que quero, quer seja bom ou ruim.

Eu não sou espírita, nem evangélica, nem católica, mas posso, quem sabe, escrever um romance evangélico ou católico, por que não? E, sou aquela que decide se eu posso ou não escrever.

Explicando um pouco, para parecer mais culta e fazer boa presença, mesmo sabendo que sou inculta.
Eu me defino, quase como uma niilista passiva. 
Admiro Nietsche e, ao mesmo tempo, Jung. Aprendi com o pai da psicologia analítica, o valor dos rituais sagrados na estruturação das culturas humanas, então tento absorver o que mais me agrada ou aquilo que, simplesmente, me deixa feliz. 

Nesta miscelânea de filosofia e estudos, um bocado paradoxal, eu consigo transitar livremente. Sabe por que? Porque sempre vai haver alguma razão, alguma lógica em pensamentos humanos divergentes. Só sinto pena de gente perniciosa querendo projetar seus defeitos nos outros.

Ninguém possui a chave certa da porta certa. 
A vida finita é curtíssima para que possamos entender, aprender e apreender tudo.
A brevidade de uma vida anula a possibilidade de conhecermos a verdade em sua totalidade. 

Quando, era mais nova, ficava noites sem dormir preocupada com tantos enigmas do Universo e dos seres humanos.
Conforme aumentei meus estudos de filosofia e, até mesmo, quando li A IGNORÂNCIA de Milan Kundera, percebi que ser ignorante é ser humano ou teríamos que ser Ulisses.  
Hoje eu durmo tranquilamente sem sonhos nem pesadelos, durmo profundamente e em 99 por cento das minhas manhãs, acordo de muito bom humor.

Bem, mas o que é  mesmo que eu estava falando?

Ah, dos quadrados (como dizíamos nos anos 70),  que estão embalsamados em ser isso ou ser aquilo, enquanto outros mais felizes e não embalsamados só se preocupam em fazer algo prazeroso e ainda conseguem ser isso e ser aquilo.

A propósito do livro PARADO NA PORTA DO CÉU:


- Já vendeu muito bem online quando eu usava um codinome e continua vendendo, razoavelmente, com minha assinatura na capa.



- Não, eu não o psicografei.

- Não, eu não sou médium.

- Não, eu não dou consulta espiritual.

E, 

- SIM, é uma excelente leitura que desestimula o suicídio e exalta a Vida
- SIM, auxilia na vitória sobre a depressão. 


O livro retrata a vida do meu tio suicida, irmão de meu pai, da mãe deles, do pai, avô e avó.

O restante, creio que "romanciei" legal. No livro, meu pai se chama Armando.

Respeito todas as religiões, mas não professo nenhuma. 

Leiam o que o Sr. Divino Advincula, um homem de cultura ímpar e sem preconceitos e que leu o livro "Parado Na Porta do Céu", escreveu a respeito do mesmo. 

Depois, se quiserem, encomendem Parado Na Porta do Céu, nas livrarias Cultura e Saraiva ou entrem no site, abaixo.
Clique aí embaixo.

SOBRE O LIVRO DE NICOLE PUZZI por Divino Advincula.

A escritora, atriz e ferrenha defensora dos animais, Nicole Puzzi, escreveu e publicou mais um livro. Intitulado “Parado na porta do céu” é um romance espiritualista. Faz parte dos melhores que tive a alegria de ler. O seu novelo textual desenrola num mundo absolutamente fantástico e ao mesmo tempo humano, onde sentimentos e apreensões resvalam em regiões idealizadas como céu, lugares nebulosos, torrão e matéria. Do mesmo modo, na parte destinada aos encantos e desencantos das pessoas, Nicole alinhava muito bem os anseios muitas vezes contraditórios, como é próprio do ser humano, tais como amor, revolta, energia, desprendimento, improbabilidades e destinos. Tudo com enorme generosidade, delicadeza e sensibilidade características do seu espaço literário entendido como uma espécie de marca de minerais sobre o branco mármore. O livro é uma boa pedida para quem gosta de Theóphile Gautier até Stephen King, portanto, satisfaz pela sua abrangência e pela característica mais complicada e arriscada na arte de escrever: a inscrição do complexo nos entretons da simplicidade.       


ACESSE O LINK ABAIXO, PARA ADQUIRIR "PARADOS NA PORTA DO CÉU". 

https://www.clubedeautores.com.br/ptbr/search?utf8=%E2%9C%93&where=books&what=parado+na+porta+do+c%C3%A9u&sort=&topic_id=

QUERO ME APAIXONAR.


Querendo me apaixonar

Antes da pandemia, quase me apaixonei, mas o cara não entendeu direito, então resolvi ir de encontro à ele e tentar deixar mais claro.

Fui ao local onde ele estava. Não deu para ter um momento a sós. Muita gente, muita coisa acontecendo... 

Mas, fiz de tudo: coloquei uma roupa matadora, sapatos sensuais, pouca maquiagem, lábios molhados ... 
Olhei em seus olhos. 
Fixei. 
Usei aquele charme do olhar que só mulher sabe usar, o olhar que se entrega toda. Não apenas um olhar 43, mas,no mínimo, um olhar 43³³. 

Caprichei. 

Puxei pela memória dos meus filmes, respirei, usei minha voz rouca, fiz de tudo. 
Fui discreta, mas, certamente, óbvia demais. 

Ele, quase três horas depois de muita música, gente divertida para todo lado, garçons, seguranças, finalmente, "me enxergou" e pela surpresa estampada em seu rosto, entendeu meus sinais. 
Ficou tímido! 



Que é isso!? Pensei in a machista way. Ele é pegador! E, desde quando, Pegador fica tímido!? 



Ih, pensei, não faço o tipo dele. Ok. Sem problemas.

Meu demoniozinho interior sussurrou minha idade em meus ouvidos. 
É! É isso. 
Concluí, aceitando o Tempo como um amigo e, tranquila, fui me despedir do meu quase amado.



Curiosamente, ele estava sem jeito, mãos suadas e trêmulas, palavras atropeladas. 

Abraçou - me com uma força sensual que me arrepiou. Beijou meu rosto como se beijasse minha boca. 
Pediu meu telefone, eu dei. 

Apertou minha mão de novo, olhou, intencionalmente, em meus olhos, apertou minha cintura, colou -me outro beijo no limiar de meus lábios e só não caí em seus braços porque um monte de gente estava naquele cubículo barulhento, olhando e aguardando...

ENTÃO......
ELE NÃO TELEFONOU!!!!!!!
Uma semana e nada!
(Coisa típica de homem)

Quer saber?

Que se exploda!! Não tenho mais tempo para essas dúvidas ou inseguranças ou, sei lá o que.

Aí, se passaram duas semanas. 
Ele ligou. 
Ardente, ele, mas eu já estava morna. Bateu um cansaço, preguiça, sei lá... 
Quanto mais ele se explicava, mais me desanimava. 
Fez um elogios meio bobos.
O que teria acontecido se ele me ligasse no dia seguinte? Certamente, não sentiria esse cansaço. 

- Ligo amanhã pra gente marcar. - Eu disse sem nenhum remorso por estar mentindo.

Enfim, ele se apagou nos meandros esquisitos de meus desejos. Sumiu. Evaporou sem ter fervido.




Agora, estou, novamente, com vontade de me apaixonar. Olho no olho, ligar de madrugada, segurar na mão...
Aqueles amores e namoros que não existem mais...

ACHO QUE VOU DORMIR
não sou dessa geração.
Queria namorar como se namorava nos anos 70.
Já namorei demais nas décadas seguintes até hoje.